FC Porto sofre uma derrota a cada quatro jogos esta temporada

Dragões com alto rácio de desaires

Com a época sensivelmente a meio, o FC Porto já soma sete derrotas nos 28 jogos até então realizadas, o que, em termos percentuais, significa que 25 por cento dos encontros terminaram em desaire portista. Simplificando, a equipa …

Por Record

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Sporting-Farense, 0-0: leões caem do topo

Com o Sporting já apurado para a fase de campeão e os dois melhores marcadores da equipa na bancada – Martim Ribeiro e Yanick Filipe –, os leões despediram se do Estádio Aurélio Pereira nesta primeira …

Por Vasco Antão

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Benfica-Sporting, 3-1: Dérbi é vermelho

O Benfica teve um fim de semana com resultados especiais frente ao Sporting, tendo culminado este domingo uma série de dérbis com uma vitória clara na Luz diante do eterno rival (3-1), que lhe permite subir à lideranç…

Por Diogo Jesus

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Dylan Nandín e a chegada ao futebol europeu: «Estou a cumprir um sonho»

O primeiro reforço e, por enquanto, ainda único reforço do Arouca neste mercado de inverno, o avançado Dylan Nandín não esconde a felicidade pela oportunidade de poder jogar finalmente no futebol europeu. “Ainda não caí na realidade. Estou a cumprir um sonho. Quando começas a jogar, acabas sempre por sonhar em poder chegar a uma Liga como esta na tua carreira. Foi tudo muito rápido e fiquei encantado com a notícia quando o meu empresário me falou da possibilidade. É a minha primeira estadia no estrangeiro. A minha família está muito orgulhosa e feliz porque era um passo que queria dar”, explicou o uruguaio, à rádio uruguaia ‘Carve Deportiva’. Apesar de poder jogar nas alas, o uruguaio admitiu ter sido contratado para o centro do ataque e, tendo chegado ao Arouca por empréstimo com opção de compra, promete uma adaptação rápida. “Eu chego aqui para o centro do ataque. Já treinei e senti-me muito cómodo com a equipa, porque todos me receberam muito bem. São seis meses, por isso tenho que me adaptar rapidamente ao jogo, que tem muita intensidade e é muito físico, mas penso que vai correr bem. Tenho muita vontade e boas expectativas”, disse, confiante no seu sucesso: “Sentindo-me bem e estando satisfeito com o meu estado físico, não terei problemas com a adaptação e vai acontecer rápido.”

Dylan Nandín mostrou também estar já bem familiarizado com a realidade do Arouca nesta temporada. “A equipa estava numa situação complicada de descida, mas no jogo anterior ganharam e saíram da zona de descida. Está tudo muito equilibrada, por isso vou lutar para cumprir os objetivos com o Arouca. Sabemos que não será fácil, porque há muitas equipas de alto e a Liga é muito competitiva”, analisou.

Como Record escreveu, Dylan Nandín, que chegou aos lobos na segunda-feira, já foi utilizado por Vasco Seabra no particular com a UD Oliveirense, disputado ontem no Municipal de Arouca e que terminou com um triunfo por 1-0.

Belenenses-U. Santarém, 2-0: fim do jejum azul três meses depois

A seca de vitórias do Belenenses chegou ao fim precisamente frente ao último adversário a quem havia ganho há três meses e meio, o U. Santarém, único a quem venceu duas vezes esta temporada.

Por Duarte Gomes

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Alan Varela e Martim Fernandes são baixas para a ida do FC Porto a Barcelos

Por lesão

Tal como Vítor Bruno revelou na conferência após o jogo com o Nacional, Alan Varela saltou da ficha de jogo por estar a cabo com uma lesão que o obrigará a ficar de fora, pelo menos, durante uma semana. Porém, o FC Porto pode ficar ainda mais desfalcado para a visita a Barcelos, visto que Martim Fernandes abandonou o relvado, aos 43’, muito queixoso da coxa direita, sendo substituído por João Mário.

Por Record

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Elvas-V. Guimarães, 2-1: muralha trava conquistadores

Houve Taça em Elvas! A equipa do Campeonato de Portugal surpreendeu o Vitória de Guimarães e está pela primeira vez nos quartos-de-final, para medir forças com o Tirsense, ou seja, vamos ter uma equipa do 4º escalã…

Por Miguel Amaro

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Debater o papel das empresas no futuro da sociedade e do planeta não é wokismo

Habitualmente, pensa-se o futuro da sociedade a partir do desfecho de eventos políticos, eleições, orçamentos de Estado, etc. Discute-se também os riscos que podem resultar para esse futuro dos conflitos e dos extremismos políticos. O impacto destes eventos pode ser brutal e justifica a nossa atenção e reflexão coletiva.

Porém, existe um perigo para o nosso futuro que se está a desenvolver paulatinamente e cujos efeitos vamos começando a sentir com cada vez mais força: o perigo que resulta das alterações climáticas. Para além do debate político que se exige em torno desse perigo, precisamos também de debater o papel das empresas na crise climática, bem como o mais amplo papel das empresas na sociedade.

É inquestionável a influência que as empresas exercem na sociedade. Se a geração de lucro é causa e efeito da razão de existir das empresas, a forma como atuam na prossecução desse objetivo tem impactos vários. Por essa razão, é exigível às empresas que tenham uma visão clara do seu impacto, atuando não apenas em conformidade com a legislação vigente, mas também seguindo padrões éticos e morais.

E porque falamos de Ética e Moralidade, esta discussão tem ganho, como que por inerência, um caráter político e partidário e passa frequentemente a ser ideológica. Mal.

Os políticos têm de fazer o seu trabalho e contribuir para debelar estes problemas e assegurar o nosso futuro em sociedade. Mas nós, individualmente e como colaboradores, clientes e investidores das empresas temos de fazer a nossa parte.

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A sustentabilidade é um dos grandes desafios do nosso tempo, abordando temas essenciais como alterações climáticas, responsabilidade social e justiça económica. No entanto, muitas vezes, o debate em torno da sustentabilidade é contaminado por agendas ideológicas que desviam o foco da necessidade de encontrar soluções práticas e efetivas. Quando a discussão se torna ideológica, há um risco de que os argumentos percam o seu propósito original e sejam usados para promover interesses políticos ou divisões de identidade. Isto tem resultado numa polarização do debate, onde a atenção se concentra em questões políticas ao invés de encontrar soluções que beneficiem todos.

Por isso, é importante abordar a responsabilidade das empresas e a sustentabilidade sem recorrer a motivações partidárias ou ideológicas. A adoção de práticas sustentáveis e éticas por parte das empresas não é, ou não deveria ser, uma questão de ideologia política, mas sim uma responsabilidade coletiva e universal. A responsabilidade empresarial é uma obrigação para com o futuro e para com o bem-estar comum e não é para ser instrumentalizada pela agenda política. A verdadeira missão é encontrar um caminho onde a prosperidade económica, social e ambiental andem de mãos dadas.

As empresas têm um alcance que toca diversas dimensões da vida em sociedade, influenciando a economia, o ambiente e as estruturas sociais. Através da criação de emprego, contribuem para o desenvolvimento económico local e global. Além disso, as práticas empresariais influenciam a forma como bens e serviços são produzidos e consumidos, moldando a cultura de consumo e afetando todo o ecossistema de fornecedores e parceiros. A produção, o consumo de recursos e os resíduos gerados têm impactos diretos e indiretos no ambiente, tornando as empresas agentes fundamentais no debate sobre sustentabilidade e conservação de recursos naturais.

Para responder aos desafios de hoje, as empresas precisam de incorporar a sustentabilidade como um pilar estratégico nas suas operações. Isso significa adotar práticas que promovam a redução de impactos ambientais, o uso eficiente de recursos e o respeito pelas comunidades onde atuam. É necessário que as organizações evoluam de uma perspetiva puramente económica para uma abordagem mais holística, que integre os aspetos sociais e ambientais nas suas decisões.

Sobre os custos, que são incontornáveis. É preciso coragem para discutir quem suporta os custos nas mudanças que temos de fazer na forma como vivemos, incluindo a forma como as empresas desenvolvem a sua atividade. Esta discussão tem estado em boa parte ausente do debate em torno do futuro. Existem empresas cujo modelo de negócio está a ser, e será ainda mais profundamente, impactado, por exemplo, pela necessidade de combater as alterações climáticas e esse impacto terá custos. Quem o suporta? Os acionistas? Os trabalhadores? Os reformados cujos planos de reforma investem nas ações dessas empresas? Não existe uma resposta única e é necessário que o debate – sempre difícil – seja feito caso a caso.

A legislação estabelece o mínimo obrigatório que as empresas devem cumprir em termos de práticas laborais, direitos humanos e proteção ambiental. No entanto, existe uma diferença, por vezes significativa, entre aquilo que a lei exige e o que é moralmente considerado correto pela sociedade. Embora as empresas em si mesmas não sejam entidades morais, as pessoas que fazem parte delas ou as que as sustentam na condição de clientes e investidores, são, e trazem consigo valores, princípios e responsabilidades que devem refletir-se no seu trabalho e no seu consumo e investimento. A preservação do lucro não pode ser usada como justificação para ações prejudiciais ao ambiente e à sociedade, mesmo que inadvertidamente.

O desafio para os próximos 10 anos será reduzir o “gap” entre o desenvolvimento das regras legais e as expectativas morais da sociedade. As empresas precisarão de adotar uma postura mais ativa, alinhando-se com as exigências éticas e sociais da comunidade em que operam. A responsabilidade corporativa vai além da conformidade legal: é uma questão de princípios e valores que têm impacto real no ambiente, na sociedade e nas pessoas.

Contudo, é necessário não sobrecarregar as empresas com uma carga moral que isente as pessoas que nelas trabalham de responsabilidade. Um dos riscos de transferir toda a obrigação ética para as empresas é que os colaboradores podem sentir-se menos pressionados a agir de acordo com seus princípios morais, assumindo uma postura de neutralidade ou desresponsabilização porque “alguém está a fazer por eles”. Todos – empresas, trabalhadores, clientes e demais stakeholders – têm responsabilidades coletivas e individuais neste caminho.

Nos últimos anos, a pressão sobre as empresas para adotarem comportamentos éticos tem vindo a aumentar, mas é importante equilibrar esta responsabilidade com a ética individual. A ética e a responsabilidade social não podem ser meramente políticas institucionais; devem ser parte integrante da cultura organizacional e dos comportamentos diários de todos os colaboradores. Isto significa que, mesmo dentro de uma empresa orientada para o lucro, as decisões individuais devem ser tomadas com consideração pelo impacto social e ambiental, reconhecendo que o bem-estar coletivo é uma prioridade. E sim, o lucro pode ter de ceder.

Além disso, é importante que a empresa não sirva como uma desculpa para os colaboradores se furtarem às suas responsabilidades pessoais. Pelo contrário, a ética empresarial deve basear-se numa responsabilidade partilhada, onde todos os membros da organização têm um papel a desempenhar.

Nos próximos anos, precisamos que as empresas evoluam e se tornem agentes que contribuam para o desenvolvimento sustentável, para o respeito pelos direitos humanos e para a prosperidade coletiva. A responsabilidade social deve ser encarada como uma oportunidade de crescimento, uma forma de fortalecer as relações com a comunidade e garantir um futuro mais equilibrado para todos.

A sustentabilidade deve estar no centro da estratégia empresarial, informando as decisões e orientando os processos internos de forma a equilibrar os interesses económicos, sociais e ambientais. E este debate não é ideológico, nem sequer político. Não é wokismo. Trata-se, sim, de manter o foco naquilo que realmente importa: agir de forma responsável e contribuir para um futuro onde o progresso seja sustentável, inclusivo e justo.

Bruno Ferreira é managing partner da PLMJ. É membro do Clube dos 52, uma iniciativa no âmbito do décimo aniversário do Observador, na qual desafiamos 52 personalidades da sociedade portuguesa a refletir sobre o futuro de Portugal e o país que podemos ambicionar na próxima década.

Educação, ou os perigos da ignorância

O debate em curso sobre a grande influência global que a dupla Donald Trump e Elon Musk está a ter sobre os tradicionais valores democráticos e os perigos decorrentes do sucesso do extremismo político, corresponde a perigos reais, mas que não estão a ser bem compreendidos pela generalidade dos analistas, da mesma forma que os dirigentes políticos europeus estão longe de vislumbrar as medidas que possam contrariar os perigos decorrentes e esse é o maior perigo.

Tentarei demonstrar a questão com um exemplo: uma parte da opinião pública e a generalidade dos dirigentes políticos, como eu próprio, consideraram as declarações de Trump sobre a Groelândia, o Panamá e o Canadá como risíveis, mas estávamos todos enganados, o que só compreendi quando vi na televisão algumas populações da Groelândia a apoiar as ideias de Trump. Ou seja, a unidade entre o poder político, económico e militar de Trump e os meios de comunicação e de propaganda de Elon Musk, entre outros, não têm como meio o uso da força, mas a tentativa de usar em outras regiões do globo o que acabaram de conseguir ao ganharem as eleições nos Estados Unidos: a oratória e alguma violência verbal, um modelo de espectáculo visualmente credível e um mixe de ideias, tanto verdadeiras como falsas, mas ideias capazes de corresponder às frustrações e queixas dos sectores menos educados e mais marginalizados da sociedade. Foi isso que deu a vitória nas eleições a Trump, que muitos de nós julgávamos impensável.

Não sei o que pode acontecer no Canadá, mas no Panamá e na Groelândia não ficarei muito surpreendido se as populações perante a hipótese de uma vida melhor com as promessas do poder norte americano, poderão não hesitar. Ou seja, salvo melhor opinião, corremos o risco de com algumas verdades, meias-verdades e mentiras, a dupla Trump e Musk poder ganhar a opinião de metade do globo. Porventura, com a ajuda das políticas da extrema-direita e da extrema-esquerda europeia em temas tais como a imigração, a segurança e o Wok ismo, entre outras.

As aparentes tentativas de Elon Musk de influenciar as eleições na Alemanha, como os ataques feitos ao primeiro-ministro da Grã-Bretanha, fazem parte de uma estratégia que veremos alargar-se nos próximos tempos. Partidos da extrema-direita, europeus como o Chega e de outros pontos do Globo, serão, com maior ou menor evidência, apoiantes agradecidos. E, a propósito, Donald Trump precisa de conseguir uma rápida vitória pessoal na obtenção da paz na Ucrânia, independentemente dos prejuízos causados ao povo ucraniano e por duas razões: para mostrar à América e ao Mundo as suas capacidades para resolver uma guerra onde todos falharam e, não menos importante, fazer de Putin um aliado da sua estratégia. A China constitui uma diferente questão, porque será, provavelmente, e por outras razões a maior oposição a Donald Trump.

Confesso que não sei como a estratégia da dupla Trump/Musk pode ser evitada no curto prazo, mas não tenho dúvida de que será através da educação que esta e outras tentativas do extremismo global podem ser vencidas para sempre. Não a educação como a conhecemos em Portugal, mas a educação como a defendo, através da prioridade na educação das crianças nas creches e no pré-escolar e com a adição da educação dos comportamentos e das competências, em ligação com os habituais conhecimentos e em todo o sistema.

A educação constitui igualmente a única solução para a pobreza a nível mundial e o meio de evitar os excessos de imigração, seja como a via de reduzir o crescimento mundial da população, além de tornar a democracia a escolha preferida dos povos. Finalmente, porque a educação melhora a capacidade de criação de riqueza, nomeadamente o modelo de educação que preconizo, com a inclusão da formação dos comportamentos e das competências a partir da sua base natural que são as crianças. A que acrescento uma opinião muito pessoal, que é a de evitar os vícios das ideologias no meio educativo.

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A Igreja católica e as novas espiritualidades

1. A “Nova Era” (“New Age”, NE) é um movimento cultural, filosófico e religioso bastante diversificado, abrangente e sedutor. E, ainda que não constitua propriamente um sistemas de crenças organizado, com práticas ou rituais bem definidos (não tem chefe, nem regras, nem doutrinas fixas, nem teoria ou disciplina comum) ela tem vindo a generalizar-se no mundo ocidental, impondo ao Homem contemporâneo (quer este se aperceba ou não) novos padrões de julgamento, de sentimento e percepção da realidade. Estudiosos da religião caracterizam o movimento NE como “uma mistura eclética de crenças, práticas e modos de vida”.                                 Perante o estado de um certo “desencantamento” do mundo (os avanços da ciência e da tecnologia não foram, afinal, suficientes para o evitar) e de uma generalizada degeneração moral e espiritual da sociedade, a NE rompe com os paradigmas culturais regidos pelas religiões tradicionais, particularmente com o Cristianismo, e propõe-se criar uma nova Espiritualidade, religada ao Cosmos e à Natureza (paradigma ecológico), alicerçada numa nova consciência e numa profunda e nova forma de estar na vida; em suma, de uma nova era. Todas as ideologias modernas, todo o discurso do “eu” e “autodeterminação” individual, a “nova versão” de liberdade como valor absoluto, o avanço do Relativismo para a cada vez mais evidente “Ditadura do Relativismo”, têm origem, em grande parte, dizem-nos os estudiosos da matéria, nas correntes de pensamento associadas à NE. O hiper individualismo, típico da sociedade contemporânea, reinventa-se assim através desta nova espiritualidade voltada para si própria, na busca do “eu” interno, exacerbado; na procura de uma alegada “iluminação interior” e “essência de si mesmo” (seja lá o que isso for…).

Ora, um dos aspectos mais insidiosos (e daí, também, a sua eficácia) desta sedutora proposta alternativa  é que ela se proclama, estrategicamente, de “ortodoxa”. Tudo é, então, apresentado como bom, necessário, confiável e sempre associado ao imparável e desejável Progresso (progresso, como fim em si mesmo; o novo Bezerro de Ouro da sociedade contemporânea). Finalmente, tudo é percecionado e assumido no imaginário colectivo como algo credível, que corresponde à opinião dominante, e à visão normal e óbvia da natureza das coisas.

2. Independentemente das múltiplas sensibilidades e práticas que caracterizam a NE (e movimentos por ela inspirados), todas elas se unificam em torno de um denominador comum: quebrar a unidade cristã da civilização ocidental anulando, para tal, a influência da Igreja Católica. A Igreja Católica é a única instituição de alcance universal que poderia resistir e opor-se aos novos paradigmas culturais; e por isso, é intenção comum a todos eles, afrontá-la, reprová-la, combatê-la. A estratégia é ardilosa e passa, sobretudo, por dissolvê-la num gigantesco sincretismo religioso; numa enorme amálgama de religiões, tradições, crenças e espiritualidades que, a prazo, dispersam os fiéis, decompõem a sua identidade, relativizam a sua mensagem e tornam irrelevante a sua influência. Não podemos negar a eficácia desta estratégia. Na verdade, constata-se, actualmente, que aquilo que são consideradas práticas tipicamente cristãs, ainda que possam ser válidas e, até desejáveis, elas não constituem o fundamento e a essência do Cristianismo, sendo que muitas delas já serão, então, uma versão alterada e colonizada pela NE. Para a generalidade das pessoas, as virtudes “normais” da pessoa “moral”, “ética”, “civilizada”, tais como o não roubar, o não mentir, a solidariedade, a simpatia, o ser amigo dos animais, do clima, da Terra, etc., etc., é o principal critério para se ser considerado cristão. É claro que todas estas virtudes devem ser praticadas e cultivadas; mas elas não são a essência do Cristianismo, elas não são a sua substância. O Cristianismo é muito mais do que isso; o Cristianismo não gira, essencialmente (ainda que tal seja legítimo), em torno do “eu” e das suas realizações meramente humanas, em torno da sua felicidade e realização pessoal. O Cristianismo, o que faz, é potenciar e plenificar todas essas experiências humanas; é enriquecê-las e contextualizá-las numa vida de fé e oração, de arrependimento e pureza de coração; é integrá-las numa vida de esforço e espírito de sacrifício, no esquecimento de si próprio, na procura de Comunhão com as grandes referências e testemunhos da História (os Santos), e no exemplo da Cruz, vislumbrar um caminho fundamental para Deus. Não será isto radicalmente diferente!?

3. Refiram-se algumas características da NE que, de acordo com a própria Igreja Católica, são claramente incompatíveis com o pensamento Cristão!

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– os líderes e gurus da NE são “filhos” da “revolução contracultural” dos anos 60 e 70, a qual operou uma rejeição total dos princípios e valores tradicionais, a favor da liberdade como valor absoluto, da cultura da droga, do amor livre e das experiências em comunidades alternativas, utópicas, inviáveis (forte influência de várias tradições esotéricas antigas, em particular, as do Ocultismo e Espiritismo);

– na NE o indivíduo formula a sua própria verdade religiosa, filosófica e ética, não existindo nenhum Deus fora do Homem (o Homem é agora a medida de todas as coisas). Deus está dentro do Homem e este, ao passar por um processo de autoconhecimento, vai poder encontrá-lo e tomar consciência dos poderes divinos que ele próprio, enquanto ser autónomo, livre, soberano e dono absoluto de seu próprio destino, tem;

– para a NE não há bem e mal; tudo é manifestação de um “eu interior” em constante evolução e adaptação, rumo à totalidade universal, cósmica (seja lá o que isso for…);

– para a NE, tudo é “deus” e “deus” está em tudo; todas as religiões são iguais, e todas dizem o mesmo (o velho panteísmo). O “deus” da Nova Era é uma força impessoal e anônima; já o Deus do Cristianismo é uma pessoa amorosa e criadora de todas as coisas; – Na NE, o amor mais alto é o amor a si mesmo. Para a NE, Jesus Cristo não é Filho de Deus; é, quanto muito, mais um mestre iluminado entre muitos outros;

– para os seguidores da NE todos os homens vivem muitas vidas, em reencarnações sucessivas (Reencarnação, outro dos pilares da NE) até se conseguir alcançar o domínio total dos seus estados mentais; já a proposta cristã é totalmente diferente: acredita num Deus pessoal, na Encarnação a na Ressurreição;

– na NE, a ecologia está centrada na “mãe” Terra, equivalendo-se o Homem a um animal ou a uma árvore, a uma pedra ao ponto de o considerar como um inimigo do planeta. Já para o Cristianismo, o tema da “ecologia” é importante mas esta deve ser integral; o Homem, feito à “imagem e semelhança de Deus”, deve estar no centro da criação; deve, naturalmente, conservar o planeta e respeitar as várias formas de vida;

– a NE propõe técnicas e terapias psicológicas que, ainda que possam produzir alguns efeitos benéficos no bem estar geral e autoestima individual (há coisas positivas na NE), não constituem mais do que simples técnicas de concentração e relaxamento; de melhoria da respiração e alongamento; técnicas de meditação e mentalização, mas que nada têm de extraordinário ou sobrenatural, nem resultam de um qualquer segredo oculto da sabedoria antiga, milenar, oriental, pretendendo-se sensibilizar o “cliente” para poderes especiais, fantásticos, extraordinários que de facto não tem.

– A NE e respectivos métodos e práticas de meditação encerram o indivíduo em torno de si próprio, rumo a um alegado absoluto cósmico, indefinido, impessoal. Já a experiência e a Oração Cristã está centrada na Palavra de Deus e constitui um diálogo amoroso (não um monólogo) e encontro com Deus, o qual culmina no amor ao próximo;

– Finalmente, a NE, propondo-se dar resposta à sede de plenitude inerente à própria natureza humana, não é mais que outra inútil tentativa do Homem se salvar a si próprio fazendo promessas inexequíveis, de modelos de sociedade utópicos, fantasiosos, irrealizáveis, e atribuindo-se a si próprio poderes que na verdade não tem.

4.  Hoje em dia, o grande tema não será tanto o acreditar ou não em Deus. Para o Homem contemporâneo, essa não será então a grande questão. A generalidade das pessoas acredita em Deus; nem que Deus seja, para muitos, um deus impessoal, uma energia, uma força, uma motivação. A questão central é a existência, ou não, da Revelação Cristã; esta sim, é determinante; esta sim, é agora a fronteira do crente e do não-crente. E porquê? Porque sem a Revelação Cristã temos apenas crenças, ideias, pensamentos, ideologia; como a muitos interessa. Com a Revelação Cristã o Homem deixa de estar no Centro do Universo, o Homem deixa de ser a medida de todas as coisas; como a muitos não interessa! Para os cristãos, na Revelação, Deus comunicou com o Homem, Deus revelou-se! E isto sim, pode mudar a nossa vida; isto sim, pode mudar o mundo! Um truque destas novas espiritualidades não será tanto negar a Revelação mas antes considerá-la de forma metafórica, poética, simbólica, não literal. A Revelação seria, então, algo que nos ajudaria a descobrir a verdade que está dentro de nós. Ou seja, existe uma verdade que já está em nós e agora temos apenas de procurá-la, descobri-la e aprofundá-la (no limite, cada um tem a sua verdade). Ora, isto representa uma mudança completa de paradigma no qual, a Revelação, passa a ser uma espécie de “iluminação ética”, pessoal, que temos dentro de nós, que nos ensina o altruísmo, a partilha, a bondade; que nos ajuda, por sua vez, a conduzir a nossa vida com sabedoria e elevação. Este pensamento predomina; esta prática é valorizada e, actualmente, é considerada suficiente. Mas isso, reforçamos uma vez mais, já não é, na sua essência, o Cristianismo das Escrituras; já não é o Cristo dos Evangelhos! (a quantos de nós, no trabalho, na família, no grupo de amigos, dentro da própria igreja, e seus grupos… não acontece precisamente isto!?).

5.  Sob a autoridade deste autêntico Evangelho dos novos tempos, a Fé como princípio fundador, inaugurador, edificador vai-se degradando e transformando numa simples e vulgar convicção, numa mera crença, numa mera doutrina! E porque é que isso é redutor, parcial, dramático? Porque a Revelação não aparece, essencialmente, como crença ou doutrina. Ser Cristão é, sobretudo, acreditar numa Pessoa real, concreta; ser Cristão é acreditar num conjunto de factos históricos, é acreditar no nascimento, na vida e paixão, na morte e ressurreição de uma pessoa: Jesus Cristo. E a Fé será, então, a fidelidade à recordação dessa pessoa, dos factos da sua vida e, sobretudo, fidelidade ao “acontecimento” sempre presente e actual; e não a mera e redutora crença numa fórmula doutrinária. Este processo de decomposição da Fé, muito influenciado então por estas novas correntes de espiritualidade “a la carte” vai, a prazo, desencadear nas pessoas a perda da identidade cristã e respectivo sentimento de pertença; o sentimentalismo e emotivismo exacerbados; as fantasias mais extravagantes, ao ponto de se negar a própria natureza humana; as teimosias e cegueiras várias, a indiferença crescente, a insensibilidade e o desinteresse, o relativismo moral… gerando nas pessoas o vazio interior e a perda de sentidos para a vida.

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