Elvas-V. Guimarães, 2-1: muralha trava conquistadores

Houve Taça em Elvas! A equipa do Campeonato de Portugal surpreendeu o Vitória de Guimarães e está pela primeira vez nos quartos-de-final, para medir forças com o Tirsense, ou seja, vamos ter uma equipa do 4º escalã…

Por Miguel Amaro

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Debater o papel das empresas no futuro da sociedade e do planeta não é wokismo

Habitualmente, pensa-se o futuro da sociedade a partir do desfecho de eventos políticos, eleições, orçamentos de Estado, etc. Discute-se também os riscos que podem resultar para esse futuro dos conflitos e dos extremismos políticos. O impacto destes eventos pode ser brutal e justifica a nossa atenção e reflexão coletiva.

Porém, existe um perigo para o nosso futuro que se está a desenvolver paulatinamente e cujos efeitos vamos começando a sentir com cada vez mais força: o perigo que resulta das alterações climáticas. Para além do debate político que se exige em torno desse perigo, precisamos também de debater o papel das empresas na crise climática, bem como o mais amplo papel das empresas na sociedade.

É inquestionável a influência que as empresas exercem na sociedade. Se a geração de lucro é causa e efeito da razão de existir das empresas, a forma como atuam na prossecução desse objetivo tem impactos vários. Por essa razão, é exigível às empresas que tenham uma visão clara do seu impacto, atuando não apenas em conformidade com a legislação vigente, mas também seguindo padrões éticos e morais.

E porque falamos de Ética e Moralidade, esta discussão tem ganho, como que por inerência, um caráter político e partidário e passa frequentemente a ser ideológica. Mal.

Os políticos têm de fazer o seu trabalho e contribuir para debelar estes problemas e assegurar o nosso futuro em sociedade. Mas nós, individualmente e como colaboradores, clientes e investidores das empresas temos de fazer a nossa parte.

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A sustentabilidade é um dos grandes desafios do nosso tempo, abordando temas essenciais como alterações climáticas, responsabilidade social e justiça económica. No entanto, muitas vezes, o debate em torno da sustentabilidade é contaminado por agendas ideológicas que desviam o foco da necessidade de encontrar soluções práticas e efetivas. Quando a discussão se torna ideológica, há um risco de que os argumentos percam o seu propósito original e sejam usados para promover interesses políticos ou divisões de identidade. Isto tem resultado numa polarização do debate, onde a atenção se concentra em questões políticas ao invés de encontrar soluções que beneficiem todos.

Por isso, é importante abordar a responsabilidade das empresas e a sustentabilidade sem recorrer a motivações partidárias ou ideológicas. A adoção de práticas sustentáveis e éticas por parte das empresas não é, ou não deveria ser, uma questão de ideologia política, mas sim uma responsabilidade coletiva e universal. A responsabilidade empresarial é uma obrigação para com o futuro e para com o bem-estar comum e não é para ser instrumentalizada pela agenda política. A verdadeira missão é encontrar um caminho onde a prosperidade económica, social e ambiental andem de mãos dadas.

As empresas têm um alcance que toca diversas dimensões da vida em sociedade, influenciando a economia, o ambiente e as estruturas sociais. Através da criação de emprego, contribuem para o desenvolvimento económico local e global. Além disso, as práticas empresariais influenciam a forma como bens e serviços são produzidos e consumidos, moldando a cultura de consumo e afetando todo o ecossistema de fornecedores e parceiros. A produção, o consumo de recursos e os resíduos gerados têm impactos diretos e indiretos no ambiente, tornando as empresas agentes fundamentais no debate sobre sustentabilidade e conservação de recursos naturais.

Para responder aos desafios de hoje, as empresas precisam de incorporar a sustentabilidade como um pilar estratégico nas suas operações. Isso significa adotar práticas que promovam a redução de impactos ambientais, o uso eficiente de recursos e o respeito pelas comunidades onde atuam. É necessário que as organizações evoluam de uma perspetiva puramente económica para uma abordagem mais holística, que integre os aspetos sociais e ambientais nas suas decisões.

Sobre os custos, que são incontornáveis. É preciso coragem para discutir quem suporta os custos nas mudanças que temos de fazer na forma como vivemos, incluindo a forma como as empresas desenvolvem a sua atividade. Esta discussão tem estado em boa parte ausente do debate em torno do futuro. Existem empresas cujo modelo de negócio está a ser, e será ainda mais profundamente, impactado, por exemplo, pela necessidade de combater as alterações climáticas e esse impacto terá custos. Quem o suporta? Os acionistas? Os trabalhadores? Os reformados cujos planos de reforma investem nas ações dessas empresas? Não existe uma resposta única e é necessário que o debate – sempre difícil – seja feito caso a caso.

A legislação estabelece o mínimo obrigatório que as empresas devem cumprir em termos de práticas laborais, direitos humanos e proteção ambiental. No entanto, existe uma diferença, por vezes significativa, entre aquilo que a lei exige e o que é moralmente considerado correto pela sociedade. Embora as empresas em si mesmas não sejam entidades morais, as pessoas que fazem parte delas ou as que as sustentam na condição de clientes e investidores, são, e trazem consigo valores, princípios e responsabilidades que devem refletir-se no seu trabalho e no seu consumo e investimento. A preservação do lucro não pode ser usada como justificação para ações prejudiciais ao ambiente e à sociedade, mesmo que inadvertidamente.

O desafio para os próximos 10 anos será reduzir o “gap” entre o desenvolvimento das regras legais e as expectativas morais da sociedade. As empresas precisarão de adotar uma postura mais ativa, alinhando-se com as exigências éticas e sociais da comunidade em que operam. A responsabilidade corporativa vai além da conformidade legal: é uma questão de princípios e valores que têm impacto real no ambiente, na sociedade e nas pessoas.

Contudo, é necessário não sobrecarregar as empresas com uma carga moral que isente as pessoas que nelas trabalham de responsabilidade. Um dos riscos de transferir toda a obrigação ética para as empresas é que os colaboradores podem sentir-se menos pressionados a agir de acordo com seus princípios morais, assumindo uma postura de neutralidade ou desresponsabilização porque “alguém está a fazer por eles”. Todos – empresas, trabalhadores, clientes e demais stakeholders – têm responsabilidades coletivas e individuais neste caminho.

Nos últimos anos, a pressão sobre as empresas para adotarem comportamentos éticos tem vindo a aumentar, mas é importante equilibrar esta responsabilidade com a ética individual. A ética e a responsabilidade social não podem ser meramente políticas institucionais; devem ser parte integrante da cultura organizacional e dos comportamentos diários de todos os colaboradores. Isto significa que, mesmo dentro de uma empresa orientada para o lucro, as decisões individuais devem ser tomadas com consideração pelo impacto social e ambiental, reconhecendo que o bem-estar coletivo é uma prioridade. E sim, o lucro pode ter de ceder.

Além disso, é importante que a empresa não sirva como uma desculpa para os colaboradores se furtarem às suas responsabilidades pessoais. Pelo contrário, a ética empresarial deve basear-se numa responsabilidade partilhada, onde todos os membros da organização têm um papel a desempenhar.

Nos próximos anos, precisamos que as empresas evoluam e se tornem agentes que contribuam para o desenvolvimento sustentável, para o respeito pelos direitos humanos e para a prosperidade coletiva. A responsabilidade social deve ser encarada como uma oportunidade de crescimento, uma forma de fortalecer as relações com a comunidade e garantir um futuro mais equilibrado para todos.

A sustentabilidade deve estar no centro da estratégia empresarial, informando as decisões e orientando os processos internos de forma a equilibrar os interesses económicos, sociais e ambientais. E este debate não é ideológico, nem sequer político. Não é wokismo. Trata-se, sim, de manter o foco naquilo que realmente importa: agir de forma responsável e contribuir para um futuro onde o progresso seja sustentável, inclusivo e justo.

Bruno Ferreira é managing partner da PLMJ. É membro do Clube dos 52, uma iniciativa no âmbito do décimo aniversário do Observador, na qual desafiamos 52 personalidades da sociedade portuguesa a refletir sobre o futuro de Portugal e o país que podemos ambicionar na próxima década.

Educação, ou os perigos da ignorância

O debate em curso sobre a grande influência global que a dupla Donald Trump e Elon Musk está a ter sobre os tradicionais valores democráticos e os perigos decorrentes do sucesso do extremismo político, corresponde a perigos reais, mas que não estão a ser bem compreendidos pela generalidade dos analistas, da mesma forma que os dirigentes políticos europeus estão longe de vislumbrar as medidas que possam contrariar os perigos decorrentes e esse é o maior perigo.

Tentarei demonstrar a questão com um exemplo: uma parte da opinião pública e a generalidade dos dirigentes políticos, como eu próprio, consideraram as declarações de Trump sobre a Groelândia, o Panamá e o Canadá como risíveis, mas estávamos todos enganados, o que só compreendi quando vi na televisão algumas populações da Groelândia a apoiar as ideias de Trump. Ou seja, a unidade entre o poder político, económico e militar de Trump e os meios de comunicação e de propaganda de Elon Musk, entre outros, não têm como meio o uso da força, mas a tentativa de usar em outras regiões do globo o que acabaram de conseguir ao ganharem as eleições nos Estados Unidos: a oratória e alguma violência verbal, um modelo de espectáculo visualmente credível e um mixe de ideias, tanto verdadeiras como falsas, mas ideias capazes de corresponder às frustrações e queixas dos sectores menos educados e mais marginalizados da sociedade. Foi isso que deu a vitória nas eleições a Trump, que muitos de nós julgávamos impensável.

Não sei o que pode acontecer no Canadá, mas no Panamá e na Groelândia não ficarei muito surpreendido se as populações perante a hipótese de uma vida melhor com as promessas do poder norte americano, poderão não hesitar. Ou seja, salvo melhor opinião, corremos o risco de com algumas verdades, meias-verdades e mentiras, a dupla Trump e Musk poder ganhar a opinião de metade do globo. Porventura, com a ajuda das políticas da extrema-direita e da extrema-esquerda europeia em temas tais como a imigração, a segurança e o Wok ismo, entre outras.

As aparentes tentativas de Elon Musk de influenciar as eleições na Alemanha, como os ataques feitos ao primeiro-ministro da Grã-Bretanha, fazem parte de uma estratégia que veremos alargar-se nos próximos tempos. Partidos da extrema-direita, europeus como o Chega e de outros pontos do Globo, serão, com maior ou menor evidência, apoiantes agradecidos. E, a propósito, Donald Trump precisa de conseguir uma rápida vitória pessoal na obtenção da paz na Ucrânia, independentemente dos prejuízos causados ao povo ucraniano e por duas razões: para mostrar à América e ao Mundo as suas capacidades para resolver uma guerra onde todos falharam e, não menos importante, fazer de Putin um aliado da sua estratégia. A China constitui uma diferente questão, porque será, provavelmente, e por outras razões a maior oposição a Donald Trump.

Confesso que não sei como a estratégia da dupla Trump/Musk pode ser evitada no curto prazo, mas não tenho dúvida de que será através da educação que esta e outras tentativas do extremismo global podem ser vencidas para sempre. Não a educação como a conhecemos em Portugal, mas a educação como a defendo, através da prioridade na educação das crianças nas creches e no pré-escolar e com a adição da educação dos comportamentos e das competências, em ligação com os habituais conhecimentos e em todo o sistema.

A educação constitui igualmente a única solução para a pobreza a nível mundial e o meio de evitar os excessos de imigração, seja como a via de reduzir o crescimento mundial da população, além de tornar a democracia a escolha preferida dos povos. Finalmente, porque a educação melhora a capacidade de criação de riqueza, nomeadamente o modelo de educação que preconizo, com a inclusão da formação dos comportamentos e das competências a partir da sua base natural que são as crianças. A que acrescento uma opinião muito pessoal, que é a de evitar os vícios das ideologias no meio educativo.

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A Igreja católica e as novas espiritualidades

1. A “Nova Era” (“New Age”, NE) é um movimento cultural, filosófico e religioso bastante diversificado, abrangente e sedutor. E, ainda que não constitua propriamente um sistemas de crenças organizado, com práticas ou rituais bem definidos (não tem chefe, nem regras, nem doutrinas fixas, nem teoria ou disciplina comum) ela tem vindo a generalizar-se no mundo ocidental, impondo ao Homem contemporâneo (quer este se aperceba ou não) novos padrões de julgamento, de sentimento e percepção da realidade. Estudiosos da religião caracterizam o movimento NE como “uma mistura eclética de crenças, práticas e modos de vida”.                                 Perante o estado de um certo “desencantamento” do mundo (os avanços da ciência e da tecnologia não foram, afinal, suficientes para o evitar) e de uma generalizada degeneração moral e espiritual da sociedade, a NE rompe com os paradigmas culturais regidos pelas religiões tradicionais, particularmente com o Cristianismo, e propõe-se criar uma nova Espiritualidade, religada ao Cosmos e à Natureza (paradigma ecológico), alicerçada numa nova consciência e numa profunda e nova forma de estar na vida; em suma, de uma nova era. Todas as ideologias modernas, todo o discurso do “eu” e “autodeterminação” individual, a “nova versão” de liberdade como valor absoluto, o avanço do Relativismo para a cada vez mais evidente “Ditadura do Relativismo”, têm origem, em grande parte, dizem-nos os estudiosos da matéria, nas correntes de pensamento associadas à NE. O hiper individualismo, típico da sociedade contemporânea, reinventa-se assim através desta nova espiritualidade voltada para si própria, na busca do “eu” interno, exacerbado; na procura de uma alegada “iluminação interior” e “essência de si mesmo” (seja lá o que isso for…).

Ora, um dos aspectos mais insidiosos (e daí, também, a sua eficácia) desta sedutora proposta alternativa  é que ela se proclama, estrategicamente, de “ortodoxa”. Tudo é, então, apresentado como bom, necessário, confiável e sempre associado ao imparável e desejável Progresso (progresso, como fim em si mesmo; o novo Bezerro de Ouro da sociedade contemporânea). Finalmente, tudo é percecionado e assumido no imaginário colectivo como algo credível, que corresponde à opinião dominante, e à visão normal e óbvia da natureza das coisas.

2. Independentemente das múltiplas sensibilidades e práticas que caracterizam a NE (e movimentos por ela inspirados), todas elas se unificam em torno de um denominador comum: quebrar a unidade cristã da civilização ocidental anulando, para tal, a influência da Igreja Católica. A Igreja Católica é a única instituição de alcance universal que poderia resistir e opor-se aos novos paradigmas culturais; e por isso, é intenção comum a todos eles, afrontá-la, reprová-la, combatê-la. A estratégia é ardilosa e passa, sobretudo, por dissolvê-la num gigantesco sincretismo religioso; numa enorme amálgama de religiões, tradições, crenças e espiritualidades que, a prazo, dispersam os fiéis, decompõem a sua identidade, relativizam a sua mensagem e tornam irrelevante a sua influência. Não podemos negar a eficácia desta estratégia. Na verdade, constata-se, actualmente, que aquilo que são consideradas práticas tipicamente cristãs, ainda que possam ser válidas e, até desejáveis, elas não constituem o fundamento e a essência do Cristianismo, sendo que muitas delas já serão, então, uma versão alterada e colonizada pela NE. Para a generalidade das pessoas, as virtudes “normais” da pessoa “moral”, “ética”, “civilizada”, tais como o não roubar, o não mentir, a solidariedade, a simpatia, o ser amigo dos animais, do clima, da Terra, etc., etc., é o principal critério para se ser considerado cristão. É claro que todas estas virtudes devem ser praticadas e cultivadas; mas elas não são a essência do Cristianismo, elas não são a sua substância. O Cristianismo é muito mais do que isso; o Cristianismo não gira, essencialmente (ainda que tal seja legítimo), em torno do “eu” e das suas realizações meramente humanas, em torno da sua felicidade e realização pessoal. O Cristianismo, o que faz, é potenciar e plenificar todas essas experiências humanas; é enriquecê-las e contextualizá-las numa vida de fé e oração, de arrependimento e pureza de coração; é integrá-las numa vida de esforço e espírito de sacrifício, no esquecimento de si próprio, na procura de Comunhão com as grandes referências e testemunhos da História (os Santos), e no exemplo da Cruz, vislumbrar um caminho fundamental para Deus. Não será isto radicalmente diferente!?

3. Refiram-se algumas características da NE que, de acordo com a própria Igreja Católica, são claramente incompatíveis com o pensamento Cristão!

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– os líderes e gurus da NE são “filhos” da “revolução contracultural” dos anos 60 e 70, a qual operou uma rejeição total dos princípios e valores tradicionais, a favor da liberdade como valor absoluto, da cultura da droga, do amor livre e das experiências em comunidades alternativas, utópicas, inviáveis (forte influência de várias tradições esotéricas antigas, em particular, as do Ocultismo e Espiritismo);

– na NE o indivíduo formula a sua própria verdade religiosa, filosófica e ética, não existindo nenhum Deus fora do Homem (o Homem é agora a medida de todas as coisas). Deus está dentro do Homem e este, ao passar por um processo de autoconhecimento, vai poder encontrá-lo e tomar consciência dos poderes divinos que ele próprio, enquanto ser autónomo, livre, soberano e dono absoluto de seu próprio destino, tem;

– para a NE não há bem e mal; tudo é manifestação de um “eu interior” em constante evolução e adaptação, rumo à totalidade universal, cósmica (seja lá o que isso for…);

– para a NE, tudo é “deus” e “deus” está em tudo; todas as religiões são iguais, e todas dizem o mesmo (o velho panteísmo). O “deus” da Nova Era é uma força impessoal e anônima; já o Deus do Cristianismo é uma pessoa amorosa e criadora de todas as coisas; – Na NE, o amor mais alto é o amor a si mesmo. Para a NE, Jesus Cristo não é Filho de Deus; é, quanto muito, mais um mestre iluminado entre muitos outros;

– para os seguidores da NE todos os homens vivem muitas vidas, em reencarnações sucessivas (Reencarnação, outro dos pilares da NE) até se conseguir alcançar o domínio total dos seus estados mentais; já a proposta cristã é totalmente diferente: acredita num Deus pessoal, na Encarnação a na Ressurreição;

– na NE, a ecologia está centrada na “mãe” Terra, equivalendo-se o Homem a um animal ou a uma árvore, a uma pedra ao ponto de o considerar como um inimigo do planeta. Já para o Cristianismo, o tema da “ecologia” é importante mas esta deve ser integral; o Homem, feito à “imagem e semelhança de Deus”, deve estar no centro da criação; deve, naturalmente, conservar o planeta e respeitar as várias formas de vida;

– a NE propõe técnicas e terapias psicológicas que, ainda que possam produzir alguns efeitos benéficos no bem estar geral e autoestima individual (há coisas positivas na NE), não constituem mais do que simples técnicas de concentração e relaxamento; de melhoria da respiração e alongamento; técnicas de meditação e mentalização, mas que nada têm de extraordinário ou sobrenatural, nem resultam de um qualquer segredo oculto da sabedoria antiga, milenar, oriental, pretendendo-se sensibilizar o “cliente” para poderes especiais, fantásticos, extraordinários que de facto não tem.

– A NE e respectivos métodos e práticas de meditação encerram o indivíduo em torno de si próprio, rumo a um alegado absoluto cósmico, indefinido, impessoal. Já a experiência e a Oração Cristã está centrada na Palavra de Deus e constitui um diálogo amoroso (não um monólogo) e encontro com Deus, o qual culmina no amor ao próximo;

– Finalmente, a NE, propondo-se dar resposta à sede de plenitude inerente à própria natureza humana, não é mais que outra inútil tentativa do Homem se salvar a si próprio fazendo promessas inexequíveis, de modelos de sociedade utópicos, fantasiosos, irrealizáveis, e atribuindo-se a si próprio poderes que na verdade não tem.

4.  Hoje em dia, o grande tema não será tanto o acreditar ou não em Deus. Para o Homem contemporâneo, essa não será então a grande questão. A generalidade das pessoas acredita em Deus; nem que Deus seja, para muitos, um deus impessoal, uma energia, uma força, uma motivação. A questão central é a existência, ou não, da Revelação Cristã; esta sim, é determinante; esta sim, é agora a fronteira do crente e do não-crente. E porquê? Porque sem a Revelação Cristã temos apenas crenças, ideias, pensamentos, ideologia; como a muitos interessa. Com a Revelação Cristã o Homem deixa de estar no Centro do Universo, o Homem deixa de ser a medida de todas as coisas; como a muitos não interessa! Para os cristãos, na Revelação, Deus comunicou com o Homem, Deus revelou-se! E isto sim, pode mudar a nossa vida; isto sim, pode mudar o mundo! Um truque destas novas espiritualidades não será tanto negar a Revelação mas antes considerá-la de forma metafórica, poética, simbólica, não literal. A Revelação seria, então, algo que nos ajudaria a descobrir a verdade que está dentro de nós. Ou seja, existe uma verdade que já está em nós e agora temos apenas de procurá-la, descobri-la e aprofundá-la (no limite, cada um tem a sua verdade). Ora, isto representa uma mudança completa de paradigma no qual, a Revelação, passa a ser uma espécie de “iluminação ética”, pessoal, que temos dentro de nós, que nos ensina o altruísmo, a partilha, a bondade; que nos ajuda, por sua vez, a conduzir a nossa vida com sabedoria e elevação. Este pensamento predomina; esta prática é valorizada e, actualmente, é considerada suficiente. Mas isso, reforçamos uma vez mais, já não é, na sua essência, o Cristianismo das Escrituras; já não é o Cristo dos Evangelhos! (a quantos de nós, no trabalho, na família, no grupo de amigos, dentro da própria igreja, e seus grupos… não acontece precisamente isto!?).

5.  Sob a autoridade deste autêntico Evangelho dos novos tempos, a Fé como princípio fundador, inaugurador, edificador vai-se degradando e transformando numa simples e vulgar convicção, numa mera crença, numa mera doutrina! E porque é que isso é redutor, parcial, dramático? Porque a Revelação não aparece, essencialmente, como crença ou doutrina. Ser Cristão é, sobretudo, acreditar numa Pessoa real, concreta; ser Cristão é acreditar num conjunto de factos históricos, é acreditar no nascimento, na vida e paixão, na morte e ressurreição de uma pessoa: Jesus Cristo. E a Fé será, então, a fidelidade à recordação dessa pessoa, dos factos da sua vida e, sobretudo, fidelidade ao “acontecimento” sempre presente e actual; e não a mera e redutora crença numa fórmula doutrinária. Este processo de decomposição da Fé, muito influenciado então por estas novas correntes de espiritualidade “a la carte” vai, a prazo, desencadear nas pessoas a perda da identidade cristã e respectivo sentimento de pertença; o sentimentalismo e emotivismo exacerbados; as fantasias mais extravagantes, ao ponto de se negar a própria natureza humana; as teimosias e cegueiras várias, a indiferença crescente, a insensibilidade e o desinteresse, o relativismo moral… gerando nas pessoas o vazio interior e a perda de sentidos para a vida.

Casa Pia rejeita proposta do V. Guimarães por Lelo

O Casa Pia recusou uma proposta de 500 mil euros por Leonardo Lelo. Os vitorianos procuram uma opção para o lado esquerdo da defesa, mas esbarraram na intransigência dos gansos.
Tal como aconteceu no verão, e que Record deu conta atempadamente, a formação lisboeta só permitirá a saída do ala de 24 anos se chegar uma proposta de 1,5 M€. Caso contrário, e uma vez que está em final de contrato, o Casa Pia prefere privilegiar a vertente desportiva, mantendo o jogador no plantel com a certeza de que irá sair a custo zero no final da época. Esta temporada, Leonardo Lelo tem sido uma peça fundamental na equipa de João Pereira, tendo sido titular nos 17 jogos que o Casa Pia fez para o campeonato.

Por André Zeferino

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Carta Aberta ao Mundo do Futebol Português

Aproximamo-nos de um momento decisivo nas eleições para os órgãos sociais das  duas instituições que gerem o desporto que mais amamos. Este é um convite à  reflexão sobre o estado do nosso futebol, focando essa reflexão, não apenas nas  conquistas, mas também nas inúmeras oportunidades de crescimento e melhoria  para a vida dos adeptos e amantes da modalidade.

Nos últimos anos, o futebol português apresentou um crescimento acentuado,  com conquistas e com campanhas internacionais muito interessantes, mas ainda  sobram desafios que precisamos superar para nos colocarmos ao lado das grandes  ligas mundiais. Somos um país pequeno, é verdade, com limitações financeiras e  sociais, mas, acima de tudo, somos um povo apaixonado pelo desporto-rei.

É hora de redirecionar o foco. Embora a discussão sobre os milhões que envolvem  o negócio do futebol seja frequente, e por vezes necessária, o verdadeiro motor das  instituições, tanto da FPF quanto da Liga Portugal, deve ser os nossos adeptos, os  sócios, o espetáculo em si e, claro, os grandes artistas que encantam os relvados.

Como é possível, em 2025, ainda termos jogos a horários que afastam as famílias  dos estádios? Não podemos continuar a usar as operadoras televisivas como  escudo para críticas. Se os nossos estádios estiverem cheios, com bancadas  repletas de cachecóis e camisolas, será que as operadoras não vão querer registar  a euforia desses momentos? Faz sentido ter jogos às 20h45, quando poderíamos  realizá-los às 14h ou 15h, como nas melhores ligas europeias? Será que alguém  deixaria de assistir a um jogo da Liga Portugal apenas porque este começa às 14h,  em vez das 20h30?

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É urgente que o futebol retorne a horários que respeitem a vida familiar dos adeptos.  As crianças querem ir ao estádio, as famílias desejam viver a magia do futebol  enquanto exploram as belezas de Portugal. Queremos estádios cheios, queremos  poder ver o nosso clube por todos os estádios deste país.

E o problema vai além dos horários. A venda de bilhetes para certos jogos e  competições é inaceitável: opaca, cheia de incertezas, provoca desconfiança e  deixa os adeptos em segundo plano. Este é um problema que os clubes devem  resolver, mas é responsabilidade da FPF e da Liga Portugal regular, gerir e fiscalizar  a venda de bilhetes de forma transparente. É imprescindível acabar com a  desconfiança em relação aos bilhetes “dados” a claques, parceiros e amigos. Que  haja seriedade! É hora de exigir que cada clube informe a quantidade de bilhetes  distribuídos, vendidos e os retidos para convites. Que haja transparência!

Reconheço que implementar essas mudanças pode ser desafiante e incomodar  certos “poderes” no futebol. No entanto, as instituições que cuidam do nosso  futebol precisam de ter coragem para se posicionar sobre o futuro do futebol em  Portugal.

O futebol deve ser um verdadeiro espetáculo! Temos talento – jogadores incríveis,  treinadores competentes, infraestrutura de qualidade. Mas chegou o momento de  FPF e Liga Portugal assumirem plenamente o seu papel, colocando o prisma do  adepto em primeiro lugar e não apenas o prisma financeiro. Valorizar os adeptos e  não só as contas cheias.

Existem muitas questões que poderíamos discutir nesta carta, como a  necessidade de um lobby junto dos nossos deputados para revogar a proibição da  venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante jogos profissionais ou a reflexão  sobre a própria estrutura da Liga Portugal que deverá deixar de estar no controlo dos  clubes para ser uma verdadeira instituição independente, autónoma e que proteja  os interesses de todos os intervenientes do futebol português – basta seguir o  exemplo da Premier League.

O que desejo, com esta carta, é que os candidatos aos órgãos sociais da Federação  Portuguesa de Futebol e da Liga Portugal deixem os seus pedestais e vejam a  realidade através dos olhos de um adepto, de um apaixonado pelo futebol. É hora  de implementar as mudanças urgentes que precisam de ser feitas para que o nosso  futebol cresça. Para que os estádios fiquem cheios, para que, ao final das contas,  o negócio do futebol prospere, beneficiando adeptos, sócios, clubes, a Liga  Portugal, a FPF e, em última análise, todo o nosso querido Portugal.

Chegou a hora de agir! De sermos melhores! De privilegiar a festa, o espetáculo, as  bancadas cheias, a transparência, as pessoas. Precisamos que os candidatos  pensem e se posicionem firmemente para que todos possamos continuar a vibrar  e a celebrar nos estádios.

Com paixão pelo futebol,

Um amante do desporto

Um wokismo transversal

É comum associar o wokismo a ideias1 completamente disparatadas2, tipo homens3 poderem engravidar4, de uma esquerda que, órfã5 da classe6 operária, procura sobreviver vendendo novos produtos a outros mercados. Como qualquer feirante sabe, há sempre clientes para novidades absurdas, se bem que o mercado rapidamente se sature de cada uma delas e passe para a moda seguinte.

De uma perspetiva warxista7, este é o grande problema da democracia burguesa: funciona como se um mercado político fosse, se não com competição perfeita, pelo menos com competição oligopolista, o que obriga os partidos e movimentos progressistas a terem que estar continuamente a desenhar, promover & vender novas injustiças e insatisfações. A chamada ditadura do proletariado, uma tirania8 dirigida & gerida por bons buroburgueses9, evitaria ao warxismo todo o stress eleitoral e a necessidade de estar sempre a desenhar e vender novas bugigangas ideológicas, conhecidas como wokismo identitário. Dois exemplos da estabilidade política proporcionada pela ditadura do proletariado são a República dita Popular de China e a Koreia dos Kims do Norte, onde, devido a restritivas cotas à importação ideológica, o wokismo identitário não tem mercado.

Há, no entanto, algumas ideias tão disparatadas, como aquela de existirem 68+ géneros, que não são apropriadas exclusivamente pela esquerda, mas que são partilhadas transversalmente por todo o espetro político nacional. Uma delas, comum do BE ao Chega, passando, com vários matizes, pelo ps/d e Iliberal é que, ao revés de toda a evidência, o estado tem uma função estabilizadora não só nos ciclos económicos, mas também na paz & equidade social, através das suas políticas tributárias & de despesa pública, dos seus regulamentos & aparato burocrático. É o wokismo económico.

O wokismo económico tem uma fundamentação tão sólida na realidade como o identitário. Por exemplo, será que as recessões económicas e as crises financeiras diminuíram de frequência e intensidade com o progressivo aumento da carga fiscal, regulamentação, compliance & disclosure? E será que violações, suicídios, pobres10, greves, divórcios, drogados e abortos são menos numerosos quando os subsídios, as transferências11 e outros apoios sociais aumentam? A evidência da história social e económica dos últimos dois séculos e das estatísticas económicas e sociais disponíveis dão uma resposta clara: não! Antes pelo contrário: a disfunção social e o crime aumentam com o crescimento da burocracia estatal e a solidariedade pessoal e grupal diminui com a carga fiscal. Daí haver quem defenda que a tributação deva ser voluntária e facultativa.

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Então porque é que será que tanta gente vai atrás destas políticas da carochinha do wokismo económico, vulgarmente conhecido como neokeynesianismo? Pela mesma razão que acreditam que a matemática é um instrumento de opressão racial ou que para haver equidade de género é preciso que haja tantas mulheres quanto homens no parlamento & na prisão12, nos conselhos de administração & na recolha do lixo. A que se junta uma certa beleza da teoria, galardoada com um Nobel da Economia em 1981 na pessoa de James Tobin (1918—2002), em reconhecimento dos sucessos da política económica neokeynesiana nos EUA e Europa nos anos 70, com inflação galopante, crescimento económico baixo, conflitualidade laboral e social rampantes, bem como criminalidade galopante.

Mas enquanto o wokismo identitário foi rapidamente reconhecido como um disparate que ajuda a esquerda a perder votos13 fora da bolha14, o wokismo económico, a crença de que a intervenção do estado e que a sua legislação tem um papel benéfico & estabilizador na economia, continua popular entre os nossos políticos e cidadãos15. Assim, a nossa direita nunca diz que quer menos estado na educação, na saúde ou na economia. Diz é que quer um estado mais eficiente. Mas mais eficiente em relação a quê?

Se o padrão for a ineficiência que atualmente temos, nem será difícil melhorar, bastará passar de vez em quando o nosso governo de uma fação do ps/d para a outra, do eng. Costa para o dr. Montenegro. Mas se o padrão de eficiência e qualidade for colocado ao nível de uma educação e uma saúde que se poderiam obter com um estado mínimo, quer como provedor, quer como regulador, como existia em Hong Kong pré-1997, então o que é necessário não é um estado mais eficiente. É menos estado.

De modo semelhante, se quisermos uma economia dinâmica, vibrante, e aberta à participação de todos, na medida que cada um queira participar, então também não chegaremos lá com um estado “mais eficiente”, mas com menos estado, com menos regulações, menos subsídios e menos impostos. Não será com o wokismo neokeynesiano da nossa direita, mas com uma motosserra à la Javier Milei.

Us avtores não segvew as regras da graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein as du antygu. Escreuew covmv qverew & lhes apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Ideia: produto da atividade química que ocorre no cérebro & que está dependente da atividade química que é processada no estomago; de onde se deduz que a pureza ideológica do warxismo requereria uma dieta única para todos os militantes, uma ideia fundamental de que nem Warx, Engels ou Lenine estavam cônscios; o que define um idiota.
  2. Disparate: qualquer objeção simplista16 ao excelente argumento apresentado neste artigo ou ao léxico a ele anexo.
  3. Homem:uma das duas configurações com que que os Homens vêm a este mundo, nus para evitar confusão na classificação, verificável nos órgãos reprodutores e determinada pelo DNA; uma teoria filosófica sebosa e cerebrosa recente nega que esta divisão se fundamente corporeamente no baixo abdómen mas que se encontra realmente no córtex pré-frontal em dois neurónios de tipo x e y que determinam o sexo; pessoa com características estruturais, funcionais e comportamentais inferiores à média; no hétero-patriarcado branco, aquele que serve de sustentador e provedor, sendo classificado como ‘bom’ ou ‘mau’ com base na capacidade da mulher vestir Chanel ou outro trapo de marca; membro da espécie animal Homo Sapiens, espécie que, nos intervalos em que trabalha pela extinção dos seus semelhantes, se ocupa da preservação das outras, como sapos, cobras e lagartos; apesar de todos os esforços para se autoextinguir, a espécie prospera com tanto vigor que já infeta toda a terra habitável e a Espanha, pondo em causa a sustentabilidade ecológica da mãe terra; membro daquela espécie animal que, ao contrário de todas as outras, incluindo felinos e canídeos, se preocupa mais com aquilo que quer ter ou quer parecer do que com aquilo que deve ser; elemento da única espécie conhecida que é geradora do artificial, da artificialidade, do que não é natural e do que é antinatural, de onde se destaca o ekologismo, o warxismo e o wokismo; Humanidade, isto é, homens e mulheres, se bem que algumas escolas de pensamento, como o Budismo, considerem que só homens podem ser homens e que só eles têm acesso ao Jōdo 浄土, o Paraíso da Terra Pura, sendo que as mulheres têm que reencarnar antes como homens neste mundo para depois lá poderem serem admitidos. Como será operada a reencarnação da última mulher como homem, para poder ter acesso ao paraíso de Amida, é uma questão que ultrapassa a competência e não cabe no estreito vaso do engenho deste lexicografo.
  4. Engravidar: resultado de um trabalho de equipa de dois que às vezes é ilicitamente apropriado como pertencendo a apenas a um deles com base em argumentação woke; condição usualmente de baixa gravidade; situação de baixo risco que é coberta e protegida pela apólice matrimonial.
  5. Orfão: jovem que foi privado do seu direito à preocupação paternal e à desobediência filial.
  6. Classe: construção ideológica do hétero-patriarcado novecentista germânico, perpetuada nos estudos sociológicos contemporâneos, mas sem qualquer correspondência à realidade jurídica ou administrativa que estrutura a nossa vida social, uma vez que não existem leis que estabeleçam ou regulem as supostas classes sociais, nem registos ou certidões que as certifiquem ou comprovem, conceito que é, no entanto, e apenas, implicitamente admitido nos chamados “escalões” do código do irs. Curiosamente nenhuma força política nacional defende a abolição deste abjeto resquício do classismo, que pretende subrepticiamente impor, contra os princípios constitucionais, a desigualdade na nossa sociedade.
  7. Warxismo: sistema político que faz guerra ao que é bom, belo e verdadeiro na Humanidade; ideologia que vê a realidade natural e social ao contrário, de pernas para o ar, tal como um M a fazer o pino; filosofia política que confunde as caraterísticas essenciais com as acidentais, e vice-versa. Os warxistas clássicos são militantes do pc; os neo-warxistas estão filiados no ps, bloco e ILiberal.
  8. Tirania: sistema político adotado pelos povos que preferem a praga do despotismo (vendido pelo BE) à pestilência da anarquia; sistema político cujo objetivo é alimentar os apetites dos tiranos com a carne do povo; é politicamente tão forte quanto os aparelhos digestivo, cardiovascular e respiratório do tirano, o que lhe confere uma poética e prática fragilidade.
  9. Buroburguês: agente ou funcionário do aparato burocrático que gere as sociedades socialistas; apparatchik; burguês socialista, da descendência de Warx & Engels, que é membro do aparelho.
  10. Pobre: bem-aventurado, porque dele é o reino dos céus (Mt 5, 3); a inveja que os pobres e a sua bem-aventurança despertam nos abastados e ricos tem levado a inúmeras propostas e planos para a abolição do capital e da riqueza, uma das mais conhecidas e eficazes das quais será a da autoria de Karl Warx, um burguês bon-vivant que nunca trabalhou num campo ou numa fabrica, e cujas propostas asseguram a generalização da miséria e bem-aventurança a toda a população sempre que são aplicadas; alguém que, na profecia de Nosso Senhor (Jo 12, 8), teremos sempre no meio de nós, o que leva à questão: será que Deus, na sua misericórdia, se está a servir do warxismo — e du ps — para assegurar o cumprimento desta profecia no nosso país?
  11. Transferência: operação em que não há destruição de recursos, mas o seu aproveitamento legítimo, ou ilegítimo, por um terceiro tal como o desaparecimento de mercadorias de um armazém, obras de arte de um Museu, um estudo que para nada serve, em que a organização que o encomendou não ganha nada, mas o dinheiro que paga pode servir para quem o produziu e/ou vendeu comprar cerveja.
  12. Prisão: o estado social no seu apogeu; “Stone Walls do not a Prison make, / Nor Iron bars a Cage; / Minds innocent and quiet take / That for an Hermitage. / If I have freedom in my Love, / And in my soul am free, / Angels alone that soar above, / Enjoy such Liberty.” (Richard Lovelace (1618-1657))
  13. Voto: instrumento de um homem livre para obter & justificar a sua dependência & servidão a uma clique governamental; segundo uma teoria política do hétero-patriarcado branco helenístico, a decisão votada pela maioria assegura seu caráter ético e segundo uma teoria do hétero-patriarcado branco anglo-saxónico assegura a sua inerente legitimidade, duas teorias comprovadas, entre outras, na história eleitoral da Alemanha pré-guerra.
  14. Pelo menos parece ser essa a opinião de Seth Moulton, um democrata, membro do Congresso eleito pelo Massachusetts, que atribuiu a derrota eleitoral de Kamala Harris à adesão do partido democr@ta ao wokismo identitário: “Eu tenho duas filhas pequenas”, terá dito ao New York Times (disclaimer: este léxicografo não fez qualquer fact check a esta atribuição). “Eu não quero que elas sejam esmagadas, a jogar em campo, por um atleta que é homem, ou que já foi homem. Mas, como democrata, não é suposto que eu diga isto.” Esta declaração, de tal modo absurda, levou o gestor da sua campanha a renunciar ao cargo em protesto, um professor da Tufts University ameaçar bloquear os seus alunos de estagiarem no gabinete de Moulton no Congresso, e um presidente de um comité do seu partido no círculo eleitoral que representa a apelidá-lo de “colaborador nazista”.
  15. Cidadão: político a quem nenhum eleitor jamais recusou o seu voto, ao contrário do Prof. Marcelo; constitui, portanto, uma das reservas inexploradas da democracia.
  16. Simplista: a visão alternativa à aqui apresentada; um exemplo de simplismo é a afirmação de que “o mundo é demasiado complexo para explicações ou soluções simplistas.”

Uma Saúde para o Século XXI

Qualquer português hoje em dia com um seguro de saúde relativamente simples com ou sem cobertura dentária, consegue facilmente ter acesso a um médico, que esse médico possa solicitar os exames complementares que ache importantes, e que estes sejam realizados no tempo e no espaço de forma que rapidamente uma estratégia clínica possa ser delineada e prosseguida com ou sem a necessidade de referenciação para um ou mais especialistas.

Com base neste principio de eficiência para com os cidadãos que os subscrevem, a oferta de inúmeras seguradoras explodiu e na mais sã concorrência de mercado possível permitiu que em menos de 20 anos uma rede de clínicas e hospitais privados nascesse por todo o continente e ilhas, a abranger uma população de mais de 3,6 milhões de portugueses, e mais de 5 milhões se incluirmos os beneficiários da ADSE que funciona como um seguro “privado” dos funcionários públicos.

A Oferta neste momento é tão substancial que os recursos humanos mais valiosos dentro do SNS estão a ser sugados para o sistema privado, por condições salariais mais vantajosas e não só, como sejam a conciliação entre a vida profissional e a vida privada e familiar, entre muitas outras, que não são objeto de abordagem deste artigo. Por outro lado o consultório médico independente e desagregado de qualquer organização de saúde privada tende a desaparecer com o tempo, e,  apesar de ainda alguns resistentes médicos de maior estatuto, são uma realidade do passado que certamente nem sequer se coloca como perspetiva viável para a classe médica que se forma atualmente.

Infelizmente para o sistema privado e para o cidadão acometido com o infortúnio de um diagnóstico de uma doença grave e onerosa, os seguros de saúde tornam-se ineficazes com as coberturas a serem rapidamente ultrapassadas e com os doentes a acabarem por serem literalmente “despejados” no Serviço Nacional de Saúde em situações deveras dramáticas e complicadas. Por outro lado, os seguros de saúde não são muito eficazes ou são mesmo completamente ineficazes quando se está em presença de doenças crónicas, doenças oncológicas, doenças autoimunes e doenças raras que requerem tratamentos muito dispendiosos, completamente fora do alcance das coberturas e do comum dos mortais. Só o atual SNS o consegue fazer e sejamos claros e tenhamos orgulho em o dizer, de uma forma muito eficaz a tratar e a cuidar destes doentes.

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Os seguros de saúde são muito bons para quando estamos saudáveis e somos acometidos de alguma maleita aguda temporária relativamente fácil de cuidar, e muito limitados quando estamos muito doentes. São perfeitos instrumentos de saúde para nos mantermos saudáveis mas pecam por serem incapazes de ir para além da Taprobana.

O SNS fica assim refém de ter de tratar os mais vulneráveis e as pessoas incapazes ou que não querem ter de aceder a um seguro de saúde e os cidadãos acometidos das doenças mais graves com ou sem seguro e que constituem metade da população mais a população que tem seguro que terá de aceder ao SNS sempre que os seus plafonds de cobertura sejam ultrapassados.

Assim, quem não tem seguro é servido com o dinheiro dos impostos de todos, e quem tem seguro acaba por ter de recorrer ao SNS por incapacidade de cobertura do seguro que comprou, pagando duplamente em impostos e no seguro adquirido tornado desta forma incapaz.

Claro que estas coisas não são preto e branco, até porque muitos dos servidores do privado também trabalham no público e acabam por conseguir referenciar para o SNS muitos doentes complexos a necessitarem de medicação extremamente onerosa que não é possível servir no privado por impossibilidade dos seguros de saúde cobrirem nas suas apólices o acesso a medicamentos desta natureza. De forma alguma procuro aqui criticar este tipo de situações, apenas constatar o fato, e porque este tipo de “esquema” por muito legítimo que possa ser, tem sempre por detrás uma sensação intrínseca de que alguma injustiça está a ser cometida. É injusto e não se enquadra no espírito da Constituição da República Portuguesa, pois quem não pode submete-se aos caprichos da gestão do SNS, nomeadamente das listas de espera, e quem pode vai ao privado porque arranjou forma de poder pagar um seguro de saúde.

Os cidadãos saudáveis que não podem aceder aos seguros de saúde, por escolha ou por incapacidade financeira, não podem ficar assim sujeitos às dificuldades e caprichos do SNS, sem conseguir aceder atempadamente ao médico de família, e este, por sua vez, fica refém de um sistema em que a referenciação para outro médico ou para realização de exames tarda a agenda, provoca demoras, adiamentos e outro tipo de vicissitudes completamente desapropriadas quando estamos a falar em questões de saúde.

O direito à Saúde, consagrado na Constituição, deve pois materializar-se num Sistema Nacional de Saúde, de acesso universal e empoderado no indivíduo, na escolha do seu prestador, e servido por um sistema capaz de assegurar a saúde dos portugueses nos 5 níveis de atenção principais:

  1. Atenção Primária – e que deve ser de livre escolha por parte do utente, protagonizada pelos médicos e enfermeiros de família e onde todos possam escolher livremente o seu parceiro para a sua saúde onde quer que se encontrem, inclusivamente em centros integrados em unidades dotadas de serviços de saúde básicos e complementados por centros de análises, Rx, ecografias, centros de cardiologia, nutrição, psicologia entre outras valências, e porque não integradas também em centros de fitness e bem estar. A Oferta que se organize em face dos novos tempos e em total liberdade de quem possa e seja mister em providenciar esses serviços.
  2. Atenção Secundária – de livre escolha e em seguimento das referenciações dos médicos de família em atenção primária sempre que o utente precise de cuidados especializados e/ou exames complementares mais específicos e onde esses serviços possam ser prestados tão prontamente quanto os cuidados o exijam.
  3. Atenção Especializada – Centrados em centros de saber diferenciados onde a concentração de meios e de saber faça sentido e para onde todos os profissionais de saúde possam encaminhar os seus doentes que necessitem de serem atendidos atempadamente de forma multidisciplinar, seja na área do Cancro, das doenças crónicas, das doenças raras, e dos doentes que necessitem de intervenções complexas como transplantes de órgão, e outras doenças de complexidade extrema e onde o saber possa ser expandido, transmitido e aprendido, contribuindo para os ganhos em saúde de todos os portugueses, orientado para a sobrevivência de longo prazo e sem doença ou com doença controlada e com qualidade de vida.
  4. Atenção Urgente – Centrado no indivíduo acometido de situações que possam colocar em perigo a sua vida, numa rede capaz de responder atempadamente e contribuir para prevenir a morte e salvar vidas, estando estes centros integrados em centros de atenção secundária ou centros especializados. Aqui deve ser possível distinguir de forma clara as situação urgentes com perigo iminente para a vida humana das situações urgentes que não constituem esse perigo e que podem muito bem ser cobertas pelos centros de Atenção Primária e que se podem organizar inclusivamente para que estas situações possam ser integradas em visitas domiciliarias e que possam todas elas ser triadas e conduzidas pelos atuais centros de atendimento telefónico centralizados no INEM/112.
  5. Atenção Diferenciada – Paralelamente deve ser incentivado e regulado pelo Estado em concorrência saudável entre todos os prestadores , um plano que promova a existência de uma rede de cuidados para situações crónicas que requerem acompanhamento continuado incluindo doenças raras, centros especializados de hemodiálise (talvez o único exemplo onde a cobertura nacional é quase toda privada e financiada por acordos de parceria com o Estado), centros de tratamento e acompanhamento de doentes a necessitar de cuidados de saúde mental, centros de cuidados continuados, centros de cuidados paliativos e outras situações especificas de outra natureza que possam ser identificadas e que requeiram cuidados particulares de outra natureza, e que possam trabalhar em rede com centros de atenção primária, secundária, especializada e urgente.

Criar em paralelo as condições para toda a população investir grande parte do seu tempo livre numa cultura de atividade física contínua, anti ócio e vícios, incentivados de forma que as suas despesas com estas atividades possam ser descontadas na totalidade no IRS, pois sabemos que quanto mais ativos estivermos menor será a carga de doença nos Hospitais, menor o absentismo laboral, e mais saudável física e mentalmente estaremos todos.

E, obviamente, desde o nascimento até à adolescência e idade adulta deve-se promover ativamente a prevenção das doenças dentro do Plano Nacional de Vacinação, o desporto, a alimentação saudável, a educação para a vida em liberdade, a saúde mental e a valorização do indivíduo como ser único e especial em toda a sua plenitude.

O Estado deve ser neutro sobre os prestadores dos serviços, empoderando o indivíduo a escolher de forma livre e consciente entre toda a oferta disponível e que assim devem concorrer entre si através da qualidade ou da conveniência do serviço que prestam, excetuando-se as situações que requeiram atenção especializada de complexidade elevada e que requeiram que o saber esteja concentrado em centros de excelência de referenciação por parte de todos os servidores da saúde, e para onde serão canalizados esses doentes.

O Financiamento da Saúde, sendo muito complexo, tem de assegurar de uma forma simples que quem procura o sistema de saúde não seja barrado no tempo e no espaço aos cuidados de que necessita, e que quem oferece e presta os cuidados a quem o procura possa ser capaz de o providenciar e ser pago condignamente e atempadamente pelo ato praticado.

O papel do Estado na Saúde é o de estabelecer as prioridades, garantir o acesso de todos aos cuidados de saúde, assegurar, avaliar e monitorizar que os prestadores prestam os cuidados com qualidade, controlar os custos e assegurar que todos os prestadores possam ser pagos condignamente pelo seu trabalho e em concorrência saudável e simultaneamente possam ser avaliados e auditados no seu saber de forma a garantir a qualidade do Serviço Nacional de Saúde.

Todos os organismos do Estado que congregam saber, engenho e arte,  como a DGS, o INFARMED, a ERS e as organizações profissionais e as sociedades médicas e de saúde são  muito importantes no aconselhamento independente e no estabelecimento das políticas de saúde, pelo que devem ser encorajadas e modernizadas de forma a poderem exercer as suas funções e poderem exercer a sua influência científica e de aconselhamento das políticas de forma transparente e eficaz

Parte do financiamento da Saúde deve ser promovido também através da implementação de estudos clínicos e de investigação em tecnologias da saúde empoderando os Centros Universitários e outros de Investigação Clínica existentes ou a serem criados em Portugal na integração ativa e autónoma nas redes europeias de investigação científica que com enorme sucesso tem sido  implementado pela União Europeia.

Por outro lado o conhecimento profundo do estado de saúde dos portugueses deve passar pela integração dos sistemas de informação da rede de saúde nacional pública e privada, num sistema integrado e único e que possa, respeitando em absoluto as leis de proteção de dados pessoais, ser cruzado e acedido pelos profissionais de saúde para que devidamente enquadrado possa ser uma ferramenta primordial no estabelecimento das prioridades e das políticas de saúde aliando todo este conhecimento com os novos desenvolvimentos relacionados com a inteligência artificial e ao mesmo tempo os dados agregados ai estacionados possam ser usados em estudos integrados, nacionais e internacionais, sobre as mais diversas áreas, e ao mesmo tempo usados para se avaliarem os recursos investidos, auditar os protagonistas e ajudar os decisores nas políticas de saúde do futuro

As instituições de saúde públicas devem ser dotadas de recursos humanos adequados nas áreas prestadoras, mas também nas áreas de gestão de forma a que os recursos possam ser usados criteriosamente, sem desperdícios e com o máximo de retorno, em perfeita harmonia pelo respeito do dinheiro dos contribuintes.

Os ganhos em saúde fazem-se através da inovação e da ciência e os doentes em Portugal devem ter acesso a ela logo que a evidência científica, determinada por comissões independentes de avaliação da inovação em saúde, devidamente empoderadas, remuneradas e transparentes nas suas atempadas decisões assegurando que nenhum doente possa ficar para trás na esperança e na sua dignidade e pelo direto à Saúde, consagrado na Constituição.

O Estado deve abster-se de continuamente tentar de ser a solução, centralizando no Ministério da Saúde, qual politburo soviético que acha que tudo pode resolver, para ser um centro de pensamento e de reflexão sobre a saúde do hoje e de ontem e como ela poderá ser  a alavanca estratégica de como deve ser a saúde do amanhã.

Conseguimos com o SNS e o nosso progresso como nação de colocar a esperança de vida acima dos 80 anos para homens e mulheres e poderemos talvez num futuro muito próximo estar a falar  de esperança de vida próxima dos 100 anos com qualidade e livre de doença a maior parte do tempo.

Resta agora perceber como poderemos financiar um sistema destes com base na Liberdade do Indivíduo e na Liberdade do Prestador em que todos possam sair a ganhar e prosperar e com isso esta nossa grande Nação Valente e Imortal e que será o tema da Parte II deste singelo contributo para a reflexão de como poderemos reorientar a Saúde em Portugal para o Século XXI.

Um adeus português

Musk, um dos homens mais ricos do mundo, e um elemento-chave da nova equipa governativa americana, decidiu juntar à sua impressionante ação empresarial a intervenção ativa na política interna de diversos países. No papel de “influenciador” global apoiado pelas redes sociais, desvaloriza fronteiras, e interage com aqueles de que discorda, ou que detesta, quer se trate do líder da direita nacionalista britânica Farage, ou do social-democrata alemão Scholz. Dada a sua história de vida, devemos levá-lo a sério porque estes atos, que parecem insensatos, podem ser o vislumbre de uma nova era.

Vemos assim quebrada a separação hoje existente entre os domínios nacional e internacional na condução da política e da lei, que está delimitada pela ideia de soberania. A constituição de Estados e a atribuição da autoridade a uma pessoa, ou a um coletivo de pessoas, para determinar e aplicar a lei, foi um conceito fundador que marcou a construção das nacionalidades. Os países politicamente estáveis são um universo de partilha de riscos e de vantagens, que os cidadãos reconhecem, e o patriotismo, apesar de ter conhecido melhores tempos, e ter sido parcialmente relegado para os acontecimentos desportivos, ainda existe. É por isso que a relação entre países é gerida de uma forma diferente, e a ingerência noutro país é considerada uma ofensa a esta ordem mundial.

Será que as redes sociais e a globalização digital já erodiram completamente os conceitos de soberania, interesse nacional, e autodeterminação? É verdade que o policiamento do discurso público e a dificuldade de as nações europeias assumirem por inteiro o seu passado e os seus símbolos, é meio caminho andado para o seu fim. É também verdade que a globalização, com todos as vantagens económicas que trouxe, contribuiu para a menorização do valor da solidariedade nacional. Que os grandes fluxos migratórios criam questões adicionais de perca de identidade cultural. E que na Europa a criação incompleta de uma União, de geometria crescente e instável, juntou mais umas achas a esta fogueira, com constantes oscilações entre a europa das regiões e a europa dos países e a inexistência de facto de “patriotismo europeu”.

Não por acaso a ação de Musk acontece ao mesmo tempo em que se observa a erosão do papel mediador das Nações Unidas no consenso entre Estados. A ONU cultivou a igualdade entre as nações como princípio, e as melhores intenções num sentido muito ocidental. Procurou controlar conflitos e proteger populações, foi intransigente nas palavras, e chegou a movimentar forças significativas no terreno, tendo tido um papel central nas últimas oito décadas. Estruturada a partir da correlação de forças que saiu da segunda guerra mundial num mundo muito eurocêntrico, tem-se mostrado incapaz de lidar com os novos poderes, agora que as antigas “potências” defensoras da democracia liberal se reduzem à sua real dimensão.

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Com todos os seus defeitos, uma ordem mundial equilibrada precisa de se basear na defesa do valor das nações e da sua cultura, e na procura de entendimentos entre estas e entre comunidades que pensam e agem de forma diferente, aceitando-se essas diferenças. O entendimento pode basear-se apenas na negociação dos interesses próprios, à semelhança do que ocorre no mundo empresarial ou desportivo, ou carregar em si considerações de outra índole: morais, éticas, antropológicas, que sei eu.

O apagamento do papel da ONU e a multiplicação de fóruns alternativos do tipo “G qualquer coisa”, com mais ou menos países é um sintoma de uma doença grave do sistema internacional que urge colmatar.

A intervenção direta de alguém que tem um papel muito importante na administração americana, nas escolhas políticas de países europeus que teoricamente são os seus melhores aliados, parece ser um fator de instabilidade. Poderá ser uma situação pontual, e a marca de um estilo muito pessoal, ou então uma nova regra que se está a consolidar. Na verdade, ocupa um espaço que está vazio, uma autoridade que falta, e ainda é muito cedo para ser qualificada. Cabe à Europa repor a sua autoridade. Cabe a Portugal não esquecer nem a sua ligação europeia nem a sua geografia atlântica.

As nações, como as conhecemos hoje, poderão ser um modelo que a realidade vai ultrapassar. A criação de grandes blocos geopolíticos como atores únicos da política mundial passa necessariamente pelo esbater das diferenças entre as nações que os compõem, reescrevendo-se o passado em nome de um futuro comum. Se tal acontecer uma parte muito importante da nossa identidade e da nossa liberdade ir-se-á perder.

Reclama-se uma nova ordem mundial, mas ela será bem diferente das expetativas. As opções são muitas, mas nenhuma parece realmente melhor que o passado recente. Longe de um sistema assente em democracias liberais, e um mecanismo consensual de resolução de diferendos, todas as opções estão em aberto e todos os fantasmas do passado estão prontos para entrar em cena, e desejosos de o fazer.

Despedimo-nos da herança da Segunda Guerra com um adeus quase de saudade. A implacável “política real” já chegou ao extremo de o Secretário-Geral da ONU ser declarado “persona non grata” pelo governo de Israel, no meio de um conflito onde não conseguiu ter qualquer papel relevante. Movemo-nos num ambiente viscoso de que se não vislumbra o fim. Como num pântano. É difícil evitar a provocação: onde é que já ouvimos isto?

Ana Gomes: “Rixas há imensas no Martim Moniz. Mas também há entre adeptos de diferentes clubes, e não os vejo a ser encostados à parede”

“Há uma grande insensibilidade nas palavras do Almirante. O investimento nas forças armadas não deve ser feito à custa do Estado Social, mas da sinergia com o resto da Europa”, é assim que Ana Gomes abre o seu espaço de comentário esta semana. Referindo-se à entrevista dada pelo possível candidato às presidenciais no festival de podcasts do Expresso deixa outras sugestões para a gestão das forças armadas, tema premente num mundo que se mostra cada vez mais instável desde as declarações de interesse expansionistas de Donald Trump quanto à Gronelândia, Canadá e Panamá. Há ainda tempo para comentar as rixas recentes no Martim Moniz e a manifestação contra o racismo deste sábado, como os avanços recentes da lei aos solos no Parlamento. Ouça aqui o programa em podcast, emitido na SIC Notícias a 12 de janeiro.

A opinião de Ana Gomes. Ao domingo à noite tem encontro marcado na SIC Notícias para analisar os temas que marcam a semana. Ouça mais episódios:

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