Chissano considera “normalíssimo” que Marcelo se faça representar na tomada de posse de Chapo
Será Paulo Rangel, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, a representar Portugal na investidura de Daniel Chapo como Presidente da Moçambique. A cerimónia está marcada para quarta-feira e segue-se a um longo período de instabilidade. A violência provocou mais de duas centenas de vítimas mortais, em Moçambique, na sequência da contestação aos resultados eleitorais impulsionada por Venâncio Mondlane.
O candidato regressou na última semana a Moçambique, insistindo que, a partir de dia 15, o país teria dois Presidentes: Ele próprio, “eleito pelo povo”, e Chapo, proclamado pelo Conselho Constitucional.
Na última sexta-feira, Marcelo já não dava como garantida a sua presença em Maputo para representar Portugal na tomada de posse de Chapo e já esta segunda-feira – a 48 horas da cerimónia – surgiu a confirmação que se fará representar pelo ministro Paulo Rangel.
“Normalíssimo”, diz Joaquim Chissano
“Não é obrigatório” que Portugal se faça representar ao mais alto nível na cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo, diz à Renascença Joaquim Chissano, que foi Presidente de Moçambique ao longo de 19 anos. “Eu acho normalíssimo porque nós também não estivemos representados, ao nível mais alto, em algumas tomadas de posse, até de países vizinhos”, diz.
O ex-Presidente moçambicano sublinha que “é sempre muito agradável ter um Chefe de Estado como Marcelo Rebelo de Sousa, porque ele é amigo de Moçambique, mas não é obrigatório”.
Questionado pela Renascença se terá sido por razões de segurança que o Presidente português decidiu fazer-se representar por Paulo Rangel, dada a instabilidade que o país tem atravessado, o antigo Presidente de Moçambique não exclui esse argumento. “Até pode ser por considerações de segurança. O Estado moçambicano, por cada Chefe de Estado que recebe, tem um encargo muito grande de assegurar a sua integridade. Mas também pode ser por outras razões, que eu não posso saber”, admite.
Quanto aos eventuais riscos que o Presidente português poderia correr, caso marcasse presença na cerimónia de tomada de posse, Chissano sublinha que seriam os mesmos que qualquer outro convidado. “Eu creio que se houvesse, de facto, qualquer risco, seria o risco que nós todos temos. Há ameaças de inviabilizar a tomada de posse…e todos nós vamos dentro dessas ameaças”, remata.