Deportações nos EUA. “É inevitável que açorianos sejam afetados”
O Governo dos Açores está a preparar um plano de contingência para acolher emigrantes açorianos que venham a ser deportados dos Estados Unidos, após a tomada de posse de Donald Trump, no dia 20.
Em conferência de imprensa, o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estevão, disse que a região está a preparar-se “para o pior” e admitiu que podem ser “centenas”, os açorianos em situação ilegal.
Em declarações à Renascença, Andrea Moniz, da Associação de Emigrantes Açorianos, diz que há, tal como no passado, a possibilidade de serem deportados cidadãos do arquipélago. No entanto, embora não tendo um número em perspetiva, a responsável não acredita que esse número seja comparável com o de outras nações.
“Sim, há emigrantes na América que não têm documentos, por isso, há essa possibilidade. Mesmo em termos estatísticos, nos últimos anos, durante o seu primeiro mandato [de Trump] houve alguns, mas não muitos [deportados]. Mas, é inevitável que os açorianos sejam afetados, mas eu não acho que os números venham a ser tão altos como em algumas nacionalidades”, aponta.
Andrea Moniz adianta que, em conjunto com o governo regional, estão a ser preparadas várias respostas na área da habitação, apoios sociais e também na área do emprego.
“Esta a ser feita uma preparação com o governo e com outras organizações para encontrar lugares para viver, acesso à saúde, educação, apoios sociais e emprego. Ajudamos em tudo aquilo que podemos”, afirma.
A responsável pela Associação de Emigrantes Açorianos lembra que foi durante o primeiro mandato de Donald Trump que menos emigrantes açorianos foram deportados.
“Em 2017 foram 20, em 2018 foram 25, em 2019 foram 18, em 2020 foram 11 e cinco em 2021”.
Em contrapartida, o maior número de deportações para os Açores, a partir dos Estados Unidos, aconteceu entre 1997 e o ano de 2013, durante as administrações de George Bush e de Barack Obama.
“Nessa altura foram obrigados a sair da América mais de 800 açorianos que viviam em situação irregular”, refere.
Andrea Moniz acrescenta que vai voltar a reunir com o governo regional dos Açores para definir as melhores formas de implementar o plano de contingência para receber eventuais deportados açorianos.