Fernando Gomes convicto de que o futebol continuará a ser “digno dos portugueses”

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, manifestou na segunda-feira a convicção de que a modalidade continuará a ser digna dos portugueses, num discurso baseado nas palavras orgulho e gratidão. “Temos treinadores que inspiram, jogadores que nos fazem vibrar e clubes bem estruturados. A FPF possui uma estrutura sólida, fundada em equipamentos modernos, cultura de excelência e colaboradores de que muito nos orgulhamos. Por isso, estou seguro de que o futebol vai continuar a ser digno dos portugueses. É essa a minha mais profunda convicção”, afirmou, em discurso no jantar de encerramento das comemorações dos 110 anos da instituição, realizado na Cidade do Futebol, em Oeiras.

Fernando Gomes, que se prepara para deixar o organismo e já oficializou a candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal, começou por enumerar o orgulho que sente em diversos momentos da história da FPF, sobretudo nos derradeiros anos sob a sua liderança, iniciada em 2013, terminando a agradecer a jogadores, treinadores, clubes, associações, colaboradores, sócios, colegas de UEFA e FIFA, governos, autarquias, parceiros ou comunicação social.

No jantar marcou presença o presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin, que usou igualmente da palavra, nas quais destacou a visão, dedicação e paixão da FPF, refletidas na candidatura para receber o Mundial2030, juntamente com Espanha e Marrocos, num trabalho que foi “um claro sinal da resiliência, esforço e dedicação”.

“Estou absolutamente seguro de que o mundo vai ter consciência do que já sei há muito tempo, da vossa excelente hospitalidade, assim como da excecional capacidade organizativa, como foi demonstrada pela organização” de três finais da Liga dos Campeões (2014, 2020 e 2021), uma das quais integrada no modelo de final a oito, durante a pandemia de covid-19, em 2020: “Sem dúvida que serão lembrados pela vossa excelência e espírito de união”.

Ceferin elogiou o “fantástico trabalho” de Fernando Gomes na liderança da FPF e aproveitou o momento para falar da importância de utilizar o poder no futebol como responsabilidade para com a modalidade, mas também para com a sociedade.

“Estamos comprometidos para que este desporto seja para todos. É importante refletir como é que podemos fazer do futebol uma força para o bem, estando conscientes da importância de fatores como a inclusão. Um grande exemplo é o futebol feminino, que está a crescer e cada vez conta com mais interesse e participação. Continuaremos a construir uma base em que valores como o respeito, a solidariedade e o fair-play estão presentes, pois o mundo está dividido e violento como nunca esteve, mas o futebol, não”, expressou.

O secretário-geral da FIFA, o sueco Mattias Grafström, também discursou e agradeceu a Fernando Gomes “por tudo o que fez pelo futebol em Portugal e no mundo”, com o legado de conquista de diversas competições e a organização futura do Mundial2030.

“A paixão e dedicação que sempre mostrou são impressionantes e estarei certo de que todos os convidados internacionais aqui presentes estão muito agradecidos pela ajuda a desenvolver o futebol ao longo do mundo. Apesar de eu não ser português, sou um profundo admirador do vosso futebol e, às vezes, sinto alguma inveja”, realçou ainda.

No jantar, estiveram também presentes, entre outros, os presidentes de Benfica e FC Porto, Rui Costa e André Villas-Boas, respetivamente, os ex-selecionadores de futebol Luiz Felipe Scolari e Fernando Santos, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, ou ainda o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, candidato às próximas eleições da FPF, em que enfrentará a oposição de Nuno Lobo, líder da Associação de Futebol de Lisboa.

Governo destaca “legado notável” dos 110 anos da FPF

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, destacou esta segunda-feira o “legado notável” dos 110 anos de história da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), tanto a nível desportivo, como também numa componente de responsabilidade social e cívica.

“É um legado notável de mais de um século de história e de compromisso com o país. A FPF tem sido um elemento aglutinador do povo português. Nos últimos anos, o salto do ponto de vista do profissionalismo, competência e resultados alcançados é notável. Há uma componente de responsabilidade cívica e social que a FPF tem tido nos últimos anos que também é absolutamente notável, com um conjunto de projetos a promover a prática desportiva e atividade física, com um impacto brutal”, apontou o governante.

Pedro Duarte prestou declarações aos jornalistas à margem do jantar de encerramento das comemorações dos 110 anos da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que ainda é presidida por Fernando Gomes, a concluir o terceiro e último mandato na liderança.

“Eu estou muito descansado com o legado deixado na FPF. Há resultados muito óbvios para todos nós, mas deixaram-se também sementes que vão continuar a brotar nos próximos anos. Respeito muito a autonomia dos próprios organismos e o Estado não pode interferir. Estamos numa altura de eleições em todas as federações desportivas e depois haverá no Comité Olímpico. O Governo não se pode meter, mas confiamos em quem decide”, explicou, instado a comentar as eleições da FPF, no dia 14 de fevereiro, às quais concorrem Pedro Proença, atual presidente da Liga de clubes, e Nuno Lobo, líder da Associação de Futebol de Lisboa.

O dia de hoje ficou também marcado pela apresentação do projeto de reabilitação do Estádio Nacional, em Oeiras, a cargo do arquiteto Manuel Aires Mateus e que rondará os 25 milhões de euros, com destaque para a construção de uma cobertura no recinto.

“Temos vindo a acompanhar de forma muito próxima a iniciativa das três federações desportivas [futebol, atletismo e râguebi], num projeto que acho que é imprescindível para todos. O Estádio Nacional tem um simbolismo relevante na nossa história. Demos um passo importante para reabilitar um equipamento que todos reconhecemos estar manifestamente a precisar. É um momento e obra importantes para o país”, realçou.

Onze dos 24 presidentes de juntas de Lisboa impossibilitados de se recandidatarem nas autárquicas

Onze dos 24 presidentes de juntas de freguesia na cidade de Lisboa estão impossibilitados de se recandidatarem nas próximas eleições autárquicas, devido à lei de limitação de mandatos, nomeadamente seis do PS, quatro do PSD e um do PCP.

Representantes dos três partidos confirmaram à agência Lusa que os 11 presidentes de juntas de freguesia de Lisboa exerceram três mandatos consecutivos (2013-2017, 2017-2021 e 2021-2025), o que os impossibilita de se recandidatarem nas próximas eleições autárquicas, que deverão ocorrer entre setembro e outubro deste ano.

Entre os 11 autarcas de juntas lisboetas estão os presidentes das concelhias do PS e do PSD de Lisboa, Davide Amado (Junta de Freguesia de Alcântara) e Luís Newton (Junta de Freguesia da Estrela), respetivamente.

Ambos indicaram à Lusa que os partidos têm soluções preparadas de candidatos à presidência das juntas de freguesia de Lisboa, afastando qualquer preocupação.

Os sete socialistas que estão de saída da presidência de juntas de freguesia na capital são Davide Amado (Alcântara), Carla Madeira (Misericórdia), Rute Lima (Olivais), Maria da Graça Ferreira (Santa Clara), Miguel Coelho (Santa Maria Maior) e Natalina Moura (São Vicente).

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Da parte do PSD, os quatro presidentes de juntas impedidos de se recandidatarem são Fernando Braamcamp (Areeiro), Fernando Ribeiro Rosa (Belém), Luís Newton (Estrela) e Vasco Morgado (Santo António).

Também nesta situação está o presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa (PCP), que é o único eleito da CDU (coligação PCP/PEV) a presidir a uma das 24 juntas de Lisboa.

Em resultado das últimas eleições autárquicas, em setembro de 2021, o PS conseguiu a presidência de 13 juntas, a coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança venceu 10 e a CDU uma.

Em declarações à Lusa, o presidente da concelhia socialista de Lisboa desvalorizou os impedimentos de recandidatura nas próximas eleições autárquicas e afirmou que o PS irá apresentar “os melhores candidatos” para as 24 juntas lisboetas, indicando que serão escolhidos com base no conhecimento que têm do território e na capacidade de implementar o programa eleitoral do partido.

Referindo que o PS tem nos seus quadros “excelentes militantes e não militantes e simpatizantes que podem protagonizar candidaturas”, Davide Amado adiantou que o partido começará a trabalhar “de forma mais efetiva” em todas as situações após a apresentação do candidato socialista à presidência da Câmara Municipal de Lisboa (CML), o que acontecerá “brevemente”.

“Ainda estamos muito a tempo de apresentar o candidato à câmara e, quando o candidato à câmara for apresentado, iremos começar o nosso trabalho também naquilo que é a apresentação da equipa candidata às freguesias da cidade de Lisboa”, referiu o socialista, lembrando que, nas eleições autárquicas de 2021, o candidato do PSD Carlos Moedas foi apresentado em março.

Também o presidente da concelhia do PSD de Lisboa, Luís Newton, normalizou a impossibilidade de recandidatura de autarcas que exerceram três mandatos consecutivos, afirmando que “o PSD tem tido uma estratégia, ao longo dos últimos seis anos, de preparação desta realidade”, através da formação de quadros políticos para o desafio autárquico.

Sem preocupação com a situação decorrente da lei de limitação de mandatos, o social-democrata explicou que o trabalho de um presidente de junta é também o resultado do esforço duma equipa, com um conhecimento muito profundo sobre o território e a comunidade, pelo que é dessa equipa que irão “emanar soluções” sobre quem irá encabeçar as candidaturas.

Associação de Municípios não se opõe à desagregação de freguesias no Parlamento

Luís Newton disse que “já há uma reflexão muito grande” sobre as soluções de candidatos à presidência das juntas de freguesia e que, “no seu tempo e no seu momento, o partido irá fazer o anúncio”, o que poderá acontecer após divulgação do candidato à presidência da CML.

A concelhia do PSD de Lisboa “apoia o engenheiro Carlos Moedas em qualquer decisão que ele quiser tomar” quanto à possibilidade de se recandidatar à presidência da CML, reforçou Luís Newton, assegurando que, quanto à apresentação em breve do candidato socialista, “o calendário do PS não é uma preocupação do PSD”.

Relativamente à candidatura do PSD nas próximas eleições autárquicas e a eventual coligação com a Iniciativa Liberal, o social-democrata ressalvou que o presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou a possibilidade de contactos com várias forças políticas para estabelecer uma orientação nacional estratégica a nível autárquico.

“Enquanto essa orientação não estiver estabelecida, não irá ser a concelhia de Lisboa a criar qualquer tipo de facto ou condicionante a essa reflexão que está a ser feita, em primeira instância – e muito bem – a nível nacional”, acrescentou.

Apesar de saírem da presidência de juntas, Luís Newton e Davide Amado irão manter-se como presidentes das concelhias do PSD e do PS de Lisboa, uma vez que os mandatos só terminam em 2026.

Quanto à saída de Fábio Sousa (PCP) da presidência da Junta de Freguesia de Carnide, o comunista disse à Lusa que a coligação CDU está a trabalhar para apresentar o nome de quem irá encabeçar a candidatura a esta autarquia, existindo “várias soluções” de pessoas ligadas ao “trabalho de equipa” que tem vindo a ser desenvolvido neste território da cidade de Lisboa.

“Vamos continuar a trabalhar com muita tranquilidade, mas na intensidade máxima para que a CDU mantenha a presidência da Junta de Freguesia de Carnide”, declarou Fábio Sousa, tentando afastar o risco de a coligação perder a única junta de freguesia que preside em Lisboa e considerando que se trata de “um processo normal de transição”.

OMS avisa que taxa de letalidade por cólera em Angola “é elevada”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse esta segunda-feira que Angola regista uma “elevada taxa” de letalidade da cólera, perto dos 10%, no momento em que o surto regista 18 mortos e 224 casos notificados.

“Neste momento estamos à volta de 10% [taxa de letalidade], que é muito alto”, afirmou esta segunda-feira o Oficial de Emergência da OMS em Angola, Walter Firmino, acrescentando que a maioria das mortes são “comunitárias” o que significa que a população “não está a procurar de forma atempada o serviço de saúde”.

Em declarações à Lusa, o responsável insistiu que a taxa de letalidade é alta, destacando, ao mesmo tempo, a resposta do Governo angolano, por via do Ministério da Saúde, desde o primeiro caso identificado no bairro do Paraíso, município de Cacuaco, em Luanda.

Logo que se identificou o primeiro caso, as autoridades mobilizaram as equipas de resposta rápida que foram para o terreno em busca de casos nas comunidades e unidades sanitárias e também criaram centros de tratamento de cólera no Hospital Municipal e no Hospital Geral de Cacuaco, indicou.

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Luanda, Bengo e Icolo e Bengo são as três províncias angolanas que notificaram casos positivos de cólera, sendo que as autoridades ativaram já o plano de vigilância epidemiológica em todas as províncias do país, visando travar a propagação da doença.

Segundo Walter Firmino, surtos de cólera são previsíveis em zonas com saneamento precário e escassez de água, a exemplo do bairro do Paraíso, epicentro da cólera em Angola, referindo que as chuvas também concorreram para o agravar da situação.

Considerou que as chuvas que assolaram nos últimos meses a província de Luanda “também ajudaram ao surgimento de casos nesta localidade no [bairro] Paraíso, em Cacuaco, mas é uma doença baseada no saneamento básico precário”.

“Nesse momento estamos a trabalhar nas atividades para controlar a doença para que não se espalhe mais noutras províncias e de seguida fazer advocacia em ação direta no fornecimento de água e limpeza e saneamento básico”, disse.

Para a OMS, a resposta à cólera em Angola não depende apenas de ações do Ministério da Saúde, mas também da intervenção dos ministérios da Energia e Águas e Ambiente, com abastecimento de água às comunidades.

Walter Firmino observou, por outro lado, que a sensibilização às populações para o tratamento de água, não defecar ao ar livre, lavar as mãos, manter a higiene do ambiente, ferver a água e proteger os alimentos constituem medidas básicas para se evitar a cólera.

O Oficial de Emergência da OMS em Angola descartou ainda uma eventual propagação da cólera pelo país, dado os planos de resposta elaborados em todas as províncias, dando nota igualmente de que Angola já requisitou vacinas junto deste organismo internacional.

Argumentou, por outro lado, que a vacina contra a cólera é apenas complementar às medidas básicas, acrescentando que, dada a escassez de vacinas, Angola poderá apenas vacinar as pessoas nas zonas mais afetadas.

“Há mais de 26 países nesse momento a nível global que enfrentam o surto de cólera e só temos oito milhões de vacinas em ‘stock’, são poucas vacinas e se o Governo [angolano] tiver acesso às vacinas não serão suficientes para vacinar uma grande população, apenas serão direcionadas às zonas de foco”, apontou.

“Mas, nesse momento a mensagem mais importante é a prevenção”, concluiu o médico Walter Firmino.

Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (Minsa), o número de casos de cólera notificados em Angola aumentou para 224, com 54 novos registos nas últimas 24 horas, e mais três mortes, num total de 18 desde o início do ano.

África do Sul. Autoridades içam sete pessoas com vida de mina de ouro de Stilfontein

Pelo menos 11 pessoas, quatro das quais mortas, foram, esta segunda-feira, içadas à superfície da mina de ouro abandonada de Stilfontein, na África do Sul, onde centenas de mineiros ilegais, nomeadamente moçambicanos, estão presos desde novembro.

“Podemos confirmar que a máquina está a funcionar. Trouxe de volta sete pessoas”, disse o porta-voz da organização da sociedade civil Sanco, Mzukisi Jam, referindo-se ao cesto e guincho especializados que entraram em ação em Stilfontein para trazer os mineiros presos à superfície.

Quatro corpos foram também retirados da mina, disse o líder da comunidade local, Johannes Qankase, depois de uma equipa da agência noticiosa France-Presse (AFP) no local ter observado o transporte do que pareciam ser restos mortais embalados.

“Foi-nos garantido que agora será mais rápido porque eles conhecem o caminho e sabem o que fazer. Por isso, esperamos que sejam muito mais rápidos”, disse Mzukisi Jam aos meios de comunicação social no exterior do poço com quase dois quilómetros de profundidade.

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Durante meses, o acesso a esta mina foi vedado no âmbito de uma operação policial destinada a prender centenas de ‘zama zamas’ (“aqueles que tentam” em zulu), como são chamados os mineiros ilegais, muitas vezes estrangeiros.

Para os encorajar a sair, o abastecimento do que parecia ser uma pequena cidade subterrânea foi restringido desde o início de novembro. Mas poucos mineiros ressurgiram, por estarem demasiado fracos, segundo a comunidade local, que vivia da economia informal em torno da mina.

Em 17 de dezembro, as autoridades sul-africanas anunciaram o repatriamento de 27 moçambicanos menores de idade, sem documentos, para o seu país, sendo que alguns tinham sido resgatados das minas de exploração ilegal em Stilfontein.

A exploração mineira ilegal é uma prática comum na África do Sul, com mineiros, por vezes menores de idade, a trabalhar em minas desativadas e abandonadas, principalmente na área da cidade de Joanesburgo e arredores.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, classificou os ‘zama zamas’ como “uma ameaça” à economia e à segurança.

Além dos riscos envolvidos, a exploração mineira ilegal afeta a economia sul-africana e resulta em enormes perdas de receitas tanto para o Governo como para a indústria mineira do país.

As autoridades estimam que cerca de 14.000 supostos mineiros ilegais já tenham sido detidos, em sete províncias do país, desde dezembro de 2023.

NATO pede a membros da Aliança que aumentem despesas com a defesa

Os países membros da NATO têm de adotar uma nova forma de pensar sobre a guerra face às ameaças à segurança europeia e aumentar as despesas com a defesa, defendeu esta segunda-feira a vice-secretária-geral da Aliança Atlântica, Radmila Shekerinska.

“Os aliados têm de mudar e passar a ter um pensamento de guerra”, afirmou Shekerinska na conferência anual “Sociedade e Defesa”, que decorre na cidade sueca de Sälen.

Numa intervenção na conferência, Shekerinska apelou ao aumento e aceleração da dotação para as despesas militares em resposta ao que chamou de “campanha hostil” da Rússia contra a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que inclui “ataques cibernéticos, sabotagem e desinformação”.

“A Rússia está a preparar-se para um grande confronto connosco, já o disse abertamente”, sublinhou a vice-secretária-geral da NATO, referindo que os gastos militares de Moscovo este ano serão de 7% a 8% do PIB (Produto Interno Bruto) “se não mais”.

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A conferência “Sociedade e Defesa” é um fórum sobre segurança na Suécia que reúne, todos os anos, representantes de partidos políticos, sindicatos, empresas e outros.

No dia da abertura, domingo, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse que o seu país não estava em guerra, mas também não estava em paz, num discurso em que enfatizou a importância de reforçar a segurança face a “ataques híbridos” e outras ameaças.

Não estamos em guerra, mas também não há paz. A verdadeira paz exige liberdade e a ausência de conflitos graves entre países. Mas nós e os nossos vizinhos estamos expostos a ataques híbridos, levados a cabo não por robôs e soldados, mas por computadores, dinheiro, desinformação e perigos de sabotagem”, frisou.

As declarações de Radmila Shekerinska surgem no mesmo dia em que o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, visita o Parlamento Europeu para abordar a segurança transatlântica com os eurodeputados.

É a primeira visita oficial do secretário-geral da NATO, ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, ao Parlamento Europeu, desde que iniciou funções, em 01 de outubro de 2024.

A discussão com os eurodeputados realiza-se no âmbito da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu, com a participação de parlamentares que pertencem à subcomissão de Segurança e Defesa e de elementos da Assembleia Parlamentar da Aliança Atlântica.

No contexto da invasão russa da Ucrânia, que vai completar três anos no dia 24 de fevereiro, Rutte vai abordar com os eurodeputados o reforço do apoio às Forças Armadas ucranianas e também a cooperação transatlântica e com a União Europeia (UE).

No final de 2024, o secretário-geral da NATO encontrou-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e em conjunto referiram a necessidade de criar sinergias entre os blocos político-militar e político-económico.

Empresa elétrica alvo de processos por alegadamente ter causado um dos fogos em Los Anegeles

Deram entrada nesta segunda-feira quatro processos no Tribunal Superior de Los Angeles, todos eles visando a empresa elétrica Southern California (SCE) pelo seu alegado papel na origem do fogo de Eaton, um dos dois de maior dimensão que já consumiram vastas áreas áreas da cidade norte-americana desde 7 de janeiro.

De acordo com a agência Reuters e de vários meios da imprensa norte-americana, como o Los Angeles Times, apesar das autoridades ainda não terem concluído qual a origem do incêndio de Eaton, as ações judiciais estão a ser avançadas citando relatos de testemunhas oculares e imagens captadas no dia 7 de janeiro. Estas parecem mostrar um incêndio na base de uma torre de transmissão pertencente à Southern California Edison, antes do forte vento de Santa Ana que se fazia sentir espalhar rapidamente as chamas.

Os processos foram intentados em nome de proprietários de casas, inquilinos, proprietários de empresas e outros com propriedades destruídas pelo incêndio de Eaton na área de Altadena, que já consumiu uma área de 57 quilómetros quadrados.

“Acreditamos que o incêndio de Eaton foi provocado pelo facto de a SCE não ter desenergizado os seus cabos aéreos, que atravessam Eaton Canyon”, disse Richard Bridgford, advogado que representa um dos proprietários locais a avançar com um processo, ao Los Angeles Times.

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[Já saiu o quinto episódio de “A Caça ao Estripador de Lisboa”, o novo Podcast Plus do Observador que conta a conturbada investigação ao assassino em série que há 30 anos aterrorizou o país e desafiou a PJ. Uma história de pistas falsas, escutas surpreendentes e armadilhas perigosas. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro e aqui o quarto episódio]

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O mesmo jornal adianta que as três outras ações intentadas esta segunda-feira assentam na mesma acusação, sendo que uma é em representação de um trabalhador da FedEx que perdeu a sua casa em Altadena, outra em representação de um proprietário que arrendou a sua propriedade em Altadena e a última em representação de vários proprietários de casas em Altadena.

Segundo a Reuters, que consultou os processos, uma das ações judiciais cita o depoimento de Brendan Thorn, homem que foi entrevistado pela sucursal local da ABC News e que disse ter visto fogos “à altura do joelho” à volta das torres de transmissão pouco depois do início do incêndio.

Outra fonte citada para apontar o dedo à SCE são os dados da empresa de monitorização elétrica Whisker Lab, que indicam que a rede na zona sofreu várias interrupções potencialmente causadoras de faíscas que levaram ao incêndio. Um dado relevante ainda é o facto da empresa já ter sido anteriormente responsável por outros fogos florestais.

Jeff Monford, um porta-voz da SCE, disse ao Los Angeles Times que a empresa tem conhecimento dos processos, mas ainda não foi notificada. “A SCE irá analisar a queixa quando a receber. A causa do incêndio continua a ser investigada”, afirmou.

A posição pública da empresa tem sido de não acreditar que a sua torre de transmissão tenha sido responsável pelo incêndio. Durante a manhã de segunda-feira, Pedro Pizarro, o diretor executivo da Edison International — empresa-mãe da SCE —, disse numa entrevista à CNBC que não foram detetadas anomalias técnicas nos seus equipamentos, sendo que é “típico vermos isso quando há uma faísca proveniente de um equipamento”. “Pode haver outro mecanismo causador. Infelizmente, ainda não nos conseguimos aproximar das linhas”, apontou.

Entretanto, a empresa diz ter recebido avisos da parte das companhias de seguros para preservar as provas relacionadas com o incêndio de Eaton, acrescentando que o incêndio poderia alegadamente ser atribuído às suas instalações de serviços públicos. Por força da suspeitas do envolvimento da sua sucursal neste desastre, a Edison International já registou uma queda de 27% no valor das suas ações.

Os incêndios em Los Angeles mantém-se ainda ativos em duas principais frentes, em Eaton e Palisades, tendo já causado a morte de 24 pessoas e destruído ou danificado 13200 estruturas. Há 23 pessoas desaparecidas.

O que é que este quer?

Mesmo antes de sair da mercearia, já depois de ter pago, lembrei-me de que me tinha esquecido de comprar sal e voltei a entrar, a tempo de ouvir uma senhora do outro lado da estante a perguntar: “O que é que ele queria?”

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Febre aftosa detetada em búfalos aquáticos na Alemanha. Portugal reforça vigilância

Um foco de febre aftosa foi detetado numa exploração de 20 búfalos aquáticos na Alemanha e, embora Portugal não tenha destas explorações, reforçou as medidas de vigilância por tratar-se de uma das doenças mais contagiosas, foi anunciado.

“[…] Foi notificado um foco de febre aftosa pela Alemanha, numa exploração de búfalos aquáticos com 20 animais criados em regime extensivo, localizado em Brandenburg, ao norte de Berlim”, indicou a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

A febre aftosa não se transmite a humanos.

As autoridades alemãs ativaram um plano de contingência e foi decretada a suspensão da movimentação de ungulados (mamíferos com cascos) por 72 horas.

Portugal não tem explorações de búfalos aquáticos, mas reforçou as medidas de vigilância, tendo em conta que a febre aftosa é uma das doenças mais contagiosas que afeta também bovinos, ovinos, caprinos e suínos.

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Moçambique vacina 450 mil animais contra febre aftosa

Não existe tratamento para esta doença e a vacinação é proibida na União Europeia, “exceto em situações de emergência”.

A DGAV apelou ao cumprimento das medidas de biossegurança, como a desinfeção de instalações, veículos e equipamentos, o controlo do movimento de animais e a vigilância de sinais clínicos.

Qualquer suspeita de infeção por este vírus deve ser notificada à DGAV.

A doença pode provocar diminuição na produção leiteira, falta de apetite, abortos ou morte súbita.

Podem surgir vesículas (espécie de bolha) na língua, gengivas, bochechas, lábios, tetas e narinas dos animais e estrias cinzentas ou amarelas no coração.

Mais freguesias ou dar um passo em frente e dois atrás

Vivemos entre fazer as reformas porque nos obrigam, para conseguirmos empréstimos ou apoios da União Europeia, e desfazer reformas frequentemente para conquistar votos quando se está em minoria no Governo ou quando se aproxima um acto eleitoral. O caso do “agrega, desagrega freguesias” é um exemplo desse “vai vem” que nos persegue, como se fosse um fado dar um passo à frente para, depois, dar dois atrás. O problema não está na decisão de regulamentar uma lei, conhecida como Lei Relvas. Está na falta de rigor com que se faz, esquecendo-se o serviço aos cidadãos.

Em 2021 – também em ano de autárquicas –  mas já sem ir a tempo de se concretizar – , o Governo de António Costa faz aprovar um diploma que “define o regime jurídico de criação, modificação e extinção de freguesias e revoga a Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, que procede à reorganização administrativa do território das freguesias”. É aqui que estão os critérios que estão na base do que vai ser decidido esta semana no Parlamento, aumentando o número de freguesias do País.

A agregação das freguesias pode ter sido feita à “marretada” como disse o Presidente da República, na altura comentador, sobre o diploma que ficou conhecido como “Lei Relvas”, uma vez que foi liderada pelo então ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares do governo de Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas. Mas a legislação de 2021 acaba por ser demasiado permissiva, abrindo, por exemplo, a possibilidade de se criar uma freguesia com pelo menos 750 eleitores ou apenas 250 no interior do País.

No quadro dos serviços à comunidade definem-se cinco critérios devendo ser cumpridos quatro (três no interior): equipamento desportivo; equipamento cultural; parque ou jardim público; serviço associativo de proteção social a seniores ou a pessoas com deficiência; uma coletividade que desenvolva atividades recreativas, culturais, desportivas ou sociais. O que vemos aqui é o pode central a incentivar a proliferação de equipamentos culturais e desportivos em vez de promover os ganhos de escala para que tenham qualidade e massa critica. Claro que já não vamos a tempo de impedir o que já se fez, mas os governos podiam e deviam tentar corrigir esses incentivos perversos, de aproveitar o dinheiro de Bruxelas, que nos inundaram de equipamentos fechados boa parte do tempo ou mal equipados por falta de dinheiro para a sua operação.

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Depois olhamos para os critérios de eficácia e eficiência da gestão pública e o que se pede é um relatório que “deve ter em conta a viabilidade económico-financeira das freguesias, a demonstrar em relatório financeiro”.

Enfim, foi este diploma que deu origem ao aumento do número de freguesias que vai agora ser aprovado numa propostas conjunta de PSD, PS, PCP, BE, Livre e PAN e que irá permitir que 132 freguesias se transformem em 296. São aliás caricatos os exemplos do que tem de ser resolvido. Por exemplo, uma união de freguesias que venha a ser desagregada e tenha apenas um autocarro, apenas uma ficará com ele, pagando depois à outra que, obviamente terá de comprar outro.

A deficiente análise do impacto social, económico e financeiro desta desagregação mostra bem como é que acabamos a reverter reformas – que até podem ter sido mal feitas – sem qualquer preocupação de fazer melhor. A prestação de serviços aos cidadãos requer a conciliação entre a proximidade e a necessidade de escala em alguns serviços, para que eles sejam devidamente prestados. Não vemos esse cuidado nesta avaliação.

Claro que uma das consequências desta desagregação é o aumento do número de cargos político-partidários – haverá mais equipas para as novas juntas e assembleias de freguesia. Não parece ter existido no diploma de 2021 a preocupação de impedirem que o incentivo prevalecente fosse o da busca de mais lugares para os militantes dos partidos. E a decisão agora tomada tinha todos os ingredientes para ser permissiva, já que é tomada numa altura em que estamos a poucos meses das eleições autárquicas – que vão decorrer em Setembro ou Outubro. E, claro, nenhum partido com ambições autárquicas quer ser demasiado exigente quando os seus correligionários locais querem mais freguesias.

Em 2013, o número de freguesias foi reduzido de 4.260 para as atuais 3.092, desapareceram 1168 freguesias. Agora vamos somar mais 296. Temos de estar satisfeitos por não se ter regressado totalmente ao passado. Mas estas decisões precisam de ser mais racionais e menos ditadas pelo oportunismo partidário, ou andaremos sempre a fazer mudanças a correr, por mando dos outros, seja por falta de dinheiro ou para agradar aos aparelhos dos partidos.

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