MAI consulta sindicatos sobre admissões na PSP após publicar portaria
A ministra da Administração Interna entregou esta segunda-feira aos sindicatos para auscultação a portaria que altera os requisitos de admissão ao curso de formação de agentes da PSP, que já foi publicada em Diário da República.
“A ministra, ainda que não tenha explicado o porquê da aparente falha – nomeadamente, como a lei determina, de negociação coletiva com os sindicatos, – apresentou a proposta para que nos debrucemos sobre ela e possamos apresentar as nossas propostas”, disse aos jornalistas o presidente do Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP), no final de uma reunião com a ministra da Administração Interna.
Na semana passada foi publicada em Diário da República a portaria que altera os requisitos de admissão ao curso de formação de agentes da Polícia de Segurança Pública, tendo entrado em vigor na passada sexta-feira.
Esta portaria, que estabelece que a idade máxima de admissão ao curso de agentes da PSP vai passar dos 30 para os 34 anos e para os 39 anos no caso de funcionários públicos e militares das Forças Armadas, foi considerada ilegal pelos sindicatos da PSP por não terem sido consultados, como a lei determina.
Na reunião desta segunda-feira, Margarida Blasco pediu aos sindicatos da PSP que apresentem as suas propostas sobre a admissão na PSP.
Bruno Pereira afirmou que o SNOP vai agora incorporar medidas para que possam “melhorar os baixos níveis de recrutamento”, embora admita que essas medidas “não vão resolver o problema e a falta de atratividade” na PSP.
Questionado se a portaria vai ser anulada, o presidente do SNOP afirmou que desconhece o que vai acontecer, mas afirmou: “Se há um pedido de auscultação aos sindicatos, acho que do ponto de vista da eficácia jurídica fica suspenso”.
Também o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) disse à Lusa, no final da reunião, que, segundo as informações recebidas, a portaria publicada vai “ficar sem efeito e aquilo que vai existir é depois da consulta aos sindicatos”.
“Ao que percebemos, houve um lapso do ministério ao avançar com essa legislação sem consultar os sindicatos, por isso deu-se um passo atrás e temos agora connosco o projeto para ser apreciado e para depois entrar em vigor”, salientou Paulo Santos.
Também o presidente do Sindicato Nacional da Carreira de Chefe da Polícia de Segurança Pública, Rui Amaral, disse à Lusa que não estava à espera que a ministra consultasse os sindicatos depois de a portaria ter sido publicada em Diário da República.
Rui Amaral afirmou ainda que o sindicato vai agora enviar, no prazo de 48 horas, as suas propostas à tutela.
A Lusa contactou o Ministério da Administração Interna sobre o que vai acontecer à portaria, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
Além da idade, com as novas regras deixa também de existir uma altura mínima de ingresso na PSP.
Sem avançar com as propostas que o SNOP vai avançar, Bruno Pereira afirmou que “há outros países do mundo, como os Estados Unidos, em que não há limitações de idade, e o que se exige é que o candidato tenha condições físicas e psicológicas para poder desempenhar a função”.
O presidente da ASPP discorda que o tratamento do ingresso na PSP passe pela idade, defendendo que a atratividade possa ser resolvida pela via remuneratória.
O Ministério da Administração Interna (MAI) iniciou hoje novas negociações com os sindicatos da PSP e associações da GNR, para discutir tabelas remuneratórias, carreiras e revisão dos suplementos.
Esta nova ronda negocial ficou prevista no acordo assinado em julho de 2024 e que estabeleceu o aumento faseado do suplemento de risco em 300 euros até 2026.
Bruno Pereira disse que na reunião de hoje foi feita uma projeção do calendário e dos conteúdos das reuniões para discutir “aspetos essenciais do estatuto profissional da PSP, em particular as tabelas remuneratórias e as carreiras”.
“Vamos lutar pela melhoria de uma carreira que está destruída, porque houve anos a fio de subinvestimento, de olhar secundário para a importância desta carreira, portanto tudo faremos para a colocar no devido local e com a dignidade que é merecida”, disse, frisando as dimensões salariais na PSP “estão próximas dos níveis mais baixos de toda a União Europeia”.
Durante a manhã, a ministra Margarida Blasco recebeu os dirigentes da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) Associação Nacional de Oficiais da Guarda (ANOG) e, hoje à tarde, reuniu-se com o Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia e com a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP) e o Sindicato Nacional da Carreira de Chefe da Polícia de Segurança Pública.
As reuniões de hoje foram com os sindicatos da PSP e associações da GNR que assinaram o acordo a 09 de julho de 2024.
As próximas reuniões estão marcadas para os dias 28 de janeiro, 24 fevereiro e 26 março. Na próxima semana a ministra reúne com os sindicatos e associações da GNR que não assinaram o acordo.