Uma simples inovação quântica pode matar a ideia do multiverso

A teoria quântica do multiverso, proposta na década de 1950, sugere que a realidade se divide constantemente em universos paralelos devido a interações quânticas. Além de intrigante, essa interpretação enfrenta desafios significativos. Recentemente, Sandu Popescu e Daniel Collins, físicos da Universidade de Bristol, questionaram um dos principais argumentos a favor da teoria quântica do multiverso (IMM) ao investigar a conservação de propriedades físicas como o momento angular, em eventos quânticos. As leis de conservação, como a da energia, são fundamentais na física – estipulando que as coisas não podem ser criadas nem destruídas, mas apenas convertidas em formas diferentes. Já

Por que é que Trump quer controlar Canadá, Gronelândia e o canal do Panamá?

A poucos dias de regressar à Casa Branca, Donald Trump ameaça utilizar força militar para controlar o canal do Panamá e a Gronelândia.

Também o Canadá não escapa a atenção do futuro Presidente norte-american, que quer que o país passe a ser o 51.º estado dos EUA.

O Explicador Renascença esclarece.

O que quer Donald Trump?

Tudo se resume a uma palavra: controlar. Trump quer controlar regiões que considera estratégicas para a economia e para a segurança dos Estados Unidos.

Foi essa a explicação que deu aos jornalistas para justificar a possibilidade de um eventual recurso à força militar contra o Panamá e contra a Gronelândia.

Qual a importância do canal do Panamá?

No caso do Canal do Panamá, há, desde logo, uma razão histórica: foi inaugurado em 1914 para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico e foi administrado pelos Estados Unidos até ser devolvido ao Panamá a 31 de dezembro de 1999.

Desde essa altura, o Panamá melhorou as condições de tráfego por aquela via que, não é demais lembrar, é responsável pela circulação de 6% de todo o comércio à escala global. É aqui que entra a segunda razão para Donald Trump querer assumir o controlo do Canal do Panamá.

Em finais do ano passado, o Presidente eleito dos Estados Unidos já sinalizou esta possibilidade. Disse que vai exigir a devolução do Canal do Panamá à soberania norte-americana, se o Panamá mantiver as atuais tarifas de utilização daquela passagem entre o Atlântico e o Pacífico.

Trump acusa aquele país da América Central de cobrar taxas imorais às embarcações comerciais dos Estados Unidos, sugerindo o envolvimento chinês nesta estratégia.

O Panamá já reagiu?

Já. O Presidente do país reitera a soberania sobre o território e rejeita qualquer tipo de ingerência por parte dos Estados Unidos.

E qual a importância da Gronelândia?

Aqui, o Presidente norte-americano sugere a aquisição do território. A Gronelândia é uma ilha na região do Ártico com soberania dinamarquesa.

É um território rico em recursos naturais e energéticos. Mas é também uma região estratégica em termos militares, sobretudo no que toca à instalação de bases militares com mísseis e submarinos.

No entanto, as autoridades dinamarquesas já reagiram a esta intenção: dizem que a Gronelândia não está à venda.

E Trump também quer anexar o Canadá?

Aqui, Trump não fala de anexação, nem de força militar. Mas manifesta a vontade de fazer do Canadá o 51.º estado norte-americano.

Diz o Presidente eleito que isso eliminaria as tarifas comerciais, o que melhoraria a segurança económica.

Por outro lado, Trump critica os custos da proteção ao Canadá e diz que tudo seria muito mais simples se os dois países se unissem.

Como reage o Canadá?

“Jamais!”.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, rejeita de forma veemente esta proposta e critica esta tentativa de interferência norte-americana.

O que dizem os especialistas?

Dizem que não há surpresa neste discurso expansionista que tem como o lema “America First” (América em Primeiro Lugar).

A agenda de Trump é clara: ampliar a influência norte-americana na cena internacional. Mesmo à custa da soberania de outros países.

Registadas mais de 500 réplicas após sismo que matou 126 pessoas no Tibete

As autoridades da China anunciaram esta quarta-feira terem registado mais de 500 réplicas após o terramoto de magnitude 6,8 ocorrido na terça-feira na região do Tibete, no oeste do país, que matou 126 pessoas.

Até às 08h00 locais (meia-noite em Lisboa), tinham sido registadas 515 réplicas do terramoto, que ocorreu às 09h05 locais (01h05, em Lisboa) de terça-feira, na vila de Tingri, prefeitura de Shigatse, a uma profundidade de 10 quilómetros, de acordo com o mais recente relatório do Centro de Redes Sismológicas da China.

Dos 515 tremores secundários, 24 tiveram uma magnitude entre 3 e 3,9 na escala de Richter, enquanto três ultrapassaram a magnitude de 4, registando um máximo de 4,4.

O terramoto provocou o desmoronamento de 3.609 casas, sendo que 407 pessoas foram resgatadas depois de terem ficado presas nos escombros, informou na terça-feira a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

As autoridades, citadas pela agência, disseram que 30 mil habitantes afetados foram realojados.

As equipas de salvamento estão a trabalhar 24 horas por dia para montar tendas para os cidadãos realojados numa zona onde se espera que as temperaturas desçam até aos 17 graus negativos, disseram as autoridades.

“A primeira onda de choque ocorreu antes do amanhecer e abanou as luzes e os móveis”, disse um habitante local, citado pela Xinhua. “Depois veio uma segunda mais forte, após a qual fugi”, contou.

Um outro habitante local explicou à agência que “nem os jovens conseguiram sair a correr das casas quando o terramoto ocorreu, quanto mais os idosos e as crianças”.

As autoridades chinesas enviaram cerca de 22 mil artigos de socorro para a região afetada pelo terramoto, incluindo tendas de algodão, casacos de inverno, colchas e camas dobráveis, bem como materiais de socorro especiais para as zonas frias de grande altitude.

Embora se trate de uma zona muito pouco povoada, cerca de 6.900 pessoas vivem num raio de 20 quilómetros do epicentro.

Na terça-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a “esforços exaustivos para salvar vidas e minimizar o número de vítimas”, ao mesmo tempo que apelou a um trabalho de “prevenção de catástrofes secundárias” e de “reinstalação adequada dos residentes afetados”.

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do país, o órgão máximo de planeamento económico, também disponibilizou 100 milhões de yuan (13,1 milhões de euros) para ajudar nos esforços de socorro à catástrofe.

A vila de Tingri, que tem uma densidade populacional de 4,2 pessoas por quilómetro quadrado, situa-se no sopé da cordilheira dos Himalaias e tem uma altitude média de cinco mil metros acima do nível do mar, de acordo com informações oficiais do governo local.

O epicentro situou-se a cerca de 85 quilómetros do Monte Evereste, que se encontra na fronteira entre a China e o Nepal, e que foi encerrado ao público até nova ordem para garantir a segurança dos visitantes e do pessoal.

O Tibete e outras áreas no oeste da China são locais frequentes de terramotos, devido à proximidade do ponto de fricção da placa tectónica asiático-indiana, mas, devido à baixa densidade populacional na área, os terramotos ocorrem frequentemente em áreas pouco povoadas.

Em dezembro de 2023, um sismo de magnitude 6,2 causou a morte de mais de 150 pessoas na região vizinha de Qinghai e na província de Gansu, no noroeste da China.

Festa em tons de verde: de presa a predador na selva do mata-mata

Sporting volta a vencer FC Porto numa prova a eliminar e põe termo a série de cinco derrotas

Voltou a dar Sporting. Foram precisos seis clássicos para que os leões pusessem termo a uma série negativa de derrotas frente ao FC Porto em provas a eliminar que durava desde 2020/21 e que perpassava as mais variadas competiç…

Por Pedro Morais

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O protagonismo de Elon Musk a favor da extrema-direita é a ponta de um icebergue na concentração de riqueza e poder político?

O dono da X e Tesla gosta de protagonismo, mas o poder político que tem acumulado o homem mais rico do mundo será apenas parte de um problema maior? À procura de resposta, neste episódio, conversamos com Vicente Valentim, professor universitário e cientista político.

Tiago Pereira Santos

Neste podcast diário, Paulo Baldaia conversa com os jornalistas da redação do Expresso, correspondentes internacionais e comentadores. De segunda a sexta-feira, a análise das notícias que sobrevivem à espuma dos dias. Oiça aqui outros episódios:

Moçambique: protesto pós-eleitoral ou novo ciclo político?

Os moçambicanos foram às urnas a 9 de Outubro de 2024. De acordo com os resultados oficiais, a Frelimo, no poder, conquistou 195 dos 250 lugares do Parlamento. O Podemos substituiu a Renamo na liderança da oposição com 31 lugares. A Renamo e o MDM obtiveram, respectivamente, 20 e quatro lugares. Nas presidenciais não foi diferente. O candidato da Frelimo, Daniel Chapo, obteve 70% dos votos, Venâncio Mondlane, da oposição, apenas 20%. A serem verdadeiros os resultados, teria sido a maior vitória eleitoral de sempre da Frelimo. Só que os resultados foram imediatamente contestados. Pela oposição interna, pelos observadores internacionais e pela rua.

As irregularidades terão ocorrido ao longo de todo o processo eleitoral: na campanha, no voto e na contagem. Isto é, uma fraude eleitoral. Em Moçambique a fraude eleitoral não é excepção. Pelo contrário, tem sido a regra desde a transição do sistema de partido único para o multipartidarismo e as eleições de 1999. Foi, aliás, essa falta de credibilidade das eleições que, segundo todos os índices internacionais sobre a democracia, levou Moçambique a um processo de autocratização e fez cair o país de um regime híbrido para o autoritarismo. A fraude não é novidade. Novidade é a reacção popular à fraude: a dimensão e a intensidade do protesto, que tomou conta da rua. Antes, as vozes contra eram poucas e unas, hoje são muitas e múltiplas. E por isso, difíceis de calar sem repressão violenta.

Contam-se já milhares de presos, centenas de feridos e dezenas de mortos, para além do assassinato de dois opositores políticos, o que radicalizou desde logo os protestos. Mas afinal o que é que mudou para haver tal reacção? Mudou o ciclo histórico.

Depois da luta pela libertação, da guerra civil, dos acordos de paz e da transição para o multipartidarismo, os partidos tradicionais não compreenderam a mudança. E nem o país se desenvolveu (está com 183 em 193 do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU) nem a democracia se consolidou. A população é muito jovem (mais de 65% tem menos de 25 anos) o que significa que a maioria dos eleitores já não tem memória da guerra civil e muito menos da luta pela independência. Consequentemente, não reconhece aos partidos tradicionais qualquer legitimidade histórica. Olha para a Frelimo como o partido que fez transitar o país do socialismo para essa espécie de capitalismo de Estado e que transformou a sua elite de uma burocracia marxista-leninista num sindicato de negócios.

Por outro lado, a Renamo não soube renovar-se, não soube acompanhar o eleitorado mais jovem, mais qualificado e mais cosmopolita. À renovação preferiu a continuidade dos generais da guerrilha. Depois da morte do seu líder histórico, elegeu um desses generais que, ao que se soube, negociou com o poder os resultados eleitorais do seu próprio partido, nas eleições de 2018. Perdeu credibilidade e, agora, a liderança da oposição.

Mondlane é contra a corrupção e a tirania, a favor do desenvolvimento e da prosperidade, da unidade nacional e da paz. Evangélico, não esconde a proximidade com o neoliberalismo económico e um populismo de direita radical. Mas, independentemente, do seu programa, é carismático, usa as redes sociais, tem um estilo novo e uma nova linguagem. Tem fragilidades internas, mas soube preencher o vazio de liderança que havia na oposição ao regime. É um sintoma de mudança. Porque o que está em causa nos protestos é mais que a expressão do descontentamento contra a fraude eleitoral. É um sinal da mudança de ciclo político em Moçambique.

Não sabemos, ainda, qual a saída para a crise. Mas há dois cenários possíveis. Ou o candidato da Frelimo toma posse e se consolida como presidente e isso significará o reforço do autoritarismo. Não pelo seu perfil ou porque o queira, mas porque perdeu a legitimidade e terá de governar contra boa parte da população. Ou se abre um diálogo político para um governo provisório de unidade nacional que prepare a transição. Mas isso obriga a novas eleições e, sobretudo, à partilha de poder, que o mesmo é dizer, à partilha da riqueza – princípio estranho à cultura política dominante.

Bom seria que as partes aceitassem uma mediação internacional. E Portugal estaria num lugar privilegiado para desempenhar esse papel. Mas, ao contrário da prudência da União Europeia, o reconhecimento imediato e implícito dos resultados pelo Governo e pelo Presidente da República podem retirar a Portugal a independência necessária a uma mediação internacional. Resta a Comunidade de Santo Egídio, que já foi fundamental no processo de paz.

O autor é colunista do PÚBLICO

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Será que estamos mesmo no ano 2025? Do calendário gregoriano ao erro de Dionísio, descubra as histórias da contagem do tempo

Atualmente, a maioria dos países segue o chamado “calendário gregoriano” (do papa Gregório XIII, que o decretou em 1582), aceitando-o como padrão internacional. No entanto, muitos países e comunidades seguem um segundo calendário, que adoptam a nível interno, ou privado.

Segundo o calendário hebraico, por exemplo, vivemos no ano 5785 (desde a criação do mundo, segundo a bíblia hebraica), e o primeiro mês do ano coincide com a Páscoa. Já para os muçulmanos, vivemos no ano de 1446 (o calendário começa a contar a partir da Hégira, em 622 dc).

A partir de 38 ac, o mundo romano regeu-se pela “era de César” que, desde o século VI dc, coexistiu com a “era de Cristo”. Esta foi estabelecida pelos cálculos do monge e matemático Dioníso. No entanto, o próprio Dioníso enganou-se na identificação do ano do nascimento de Jesus Cristo, que terá ocorrido quatro anos antes do estabelecido, ou seja, em 4 ac. Em rigor, estaríamos pois no ano de 2029, o que só confirma o quanto o tempo é relativo.

Tiago Pereira Santos

Um diálogo descontraído em torno da História, dos seus maiores personagens e acontecimentos. ‘A História repete-se’ não é uma aula, mas quer suscitar curiosidade pelo passado e construir pontes com o presente. Todas as semanas Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho partem de um ponto que pode levar a muitos outros… São assim as boas conversas. Oiça aqui outros episódios:

O mundo encantado de Bruno Lage

“O senhor extraterrestre
Viu-se um pouco atrapalhado
Quis falar mas disse pi
Estava mal sintonizado”

Esta semana entreguei-me à fastidiosa missão de ler as últimas conferências de imprensa do Bruno Lage. Digo missão porque é arriscada, labiríntica e cansativa, em que apenas a melhor versão de mim próprio – a mais tolerante – permite suportar tamanha tormenta; e digo fastidiosa porque, à semelhança do que faz uma criança, parece que estou a ver o mesmo todas as semanas.

E aqui me confesso: não gosto nada de ver o mesmo filme todas as semanas. Já sei que tudo acaba bem, o vilão morre no fim e o rapaz beija a princesa. Também adivinho que o Tom Hanks vai naufragar outra vez e a Meryl Streep vai ser nomeada para um Óscar. Só que isto é futebol. Não há princesas, não se vislumbram olhos azuis, como os do Tom Hanks, muito menos a elegância da Meryl Streep, e a probabilidade de no Benfica tudo acabar bem é francamente reduzida. O que é uma pena.

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Uma conferência de imprensa tem vários propósitos. Os jornalistas fazem as perguntas que quiserem e os treinadores respondem o que quiserem (a não ser que o assessor de comunicação não deixe). Portanto, na relação treinador/jornalista, usa-se uma regra invisível que todos conhecemos, chamada bom senso. E o bom senso, neste caso, implica confiança mútua. Isto é, convém que os jornalistas interpelem seriamente o treinador, com perguntas bem feitas, úteis e relevantes, e pede-se aos treinadores que respondam com a mesma seriedade e honestidade.

O treinador, no caso de ser inteligente, pode usar a conferência para assuntos fora de jogo: ser maquiavélico (no verdadeiro sentido do termo), falar aos jogadores, mandar recados, criticar ou elogiar alguém. É sempre uma grande oportunidade para os treinadores usarem a liberdade de expressão como bem entenderem. Mas, ao que parece, alguns treinadores, com medo de serem de cristal ou revelar uma qualquer poção mágica, limitam-se a repetir uma cassete que engoliram quando eram pequenos – qual Obelix -, quando se entretinham a ouvir outros treinadores a fazerem a mesma coisa.

Bruno Lage é, hoje, um desses treinadores.

Habituou-se a falar sobre um jogo que ninguém viu, com um otimismo que nem António Costa poderia imitar, e cinge-se a chutar banalidades do meio campo para afirmar que o Benfica está bem (quando não está), que dominou o adversário (quando não dominou) e que os adeptos estiveram sempre a apoiar a equipa (quando no estádio ecoavam milhares de assobios). Os jornalistas ouvem com atenção e, depois de tirarem a areia dos olhos, ainda tentam fazer perguntas, algumas pertinentes. Lage volta à sua praia de eleição, põe mais areia dentro do balde e atira-a disfarçada de chavões como “fomos todos Benfica”, que é como quem diz, “não me chateiem”.

É mais ou menos nesta altura que pisca os olhos aos sócios, mas os sócios outrora esperançados já não toleram dissimulações, fingimentos ou hipocrisias. Se o treinador tem que dizer tudo o que lhe vai no coração? Não. Aliás, rezo aos santos para que nunca chegue esse dia. Mas entre dizer tudo e não dizer nada é como correr a São Silvestre, ainda são uns quilómetros. Entre uma brutal sinceridade – do tipo não me chateiem – ou uma manha camuflada, eu, como acho que quase todos os adeptos, prefiro a primeira.

Para explicar o estado atual de Bruno Lage, não sobram muitas teorias. A minha é esta: Bruno Lage transformou-se num treinador do sistema. Ou não diz o que pensa, ou vive numa realidade paralela ou, mais difícil, acredita mesmo no que está a dizer. Entre as três, venha o diabo e escolha. E enquanto esperamos, Rui Costa vai ficando cada vez mais aflito com as eleições. E pode nem ser preciso um Gouveia e Melo.

*Comentador Bola Branca

Moçambique. Investidura do novo parlamento de Moçambique para 13 de janeiro

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique marcou para 13 de janeiro a investidura dos deputados à Assembleia da República eleitos nas eleições gerais de 09 de outubro.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) venceu as eleições para o parlamento moçambicano com maioria absoluta, garantindo 171 deputados, com o estreante Podemos a eleger 43, destronando a Renamo na liderança da oposição, de acordo com a proclamação dos resultados, em 23 de dezembro, pela presidente do Conselho Constitucional (CC), Lúcia Ribeiro.

A Frelimo mantém-se com uma maioria parlamentar na décima legislatura, com 171 deputados (184 atualmente), a qual passa a ter quatro partidos representados, contra os atuais três.

O Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, ficou em segundo lugar, ganhando estatuto de principal partido da oposição, com 43 deputados.

De acordo com os resultados proclamados pelo CC, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) perdeu o estatuto de maior partido da oposição, com 28 deputados eleitos, contra os atuais 60.

Por seu turno, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) mantém a representação parlamentar, com oito deputados, mais dois do que atualmente.

A investidura dos 250 deputados à Assembleia da República antecede a posse do novo Presidente da República, Daniel Chapo — apoiado pela Frelimo -, fixada para 15 de janeiro, eleito com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, segundo os resultados proclamados pelo CC.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, considerou na terça-feira que a tomada de posse “madrugadora” dos deputados do partido Podemos será um desrespeito à memória das pessoas que morreram nas manifestações de contestação aos resultados eleitorais.

“É sobre a memória e respeito dos que tombaram pela causa, dos que lutam dia e noite desde a campanha eleitoral até hoje nas ruas e muito mais, que recomendava para a não tomada de posse madrugadora do Podemos na Assembleia da República. É uma questão de respeito, antes de tudo”, declarou Venâncio Mondlane, numa carta aberta dirigida ao presidente do Podemos, partido que apoiou a sua candidatura.

O Podemos, registado em maio de 2019 e composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), viu a sua popularidade aumentar desde o anúncio, em 21 de agosto, do apoio à candidatura de Mondlane nas presidenciais, em resultado de um “acordo político”, pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação, chamada de CAD, rejeitada pelo Conselho Constitucional por “irregularidades”.

Segundo Mondlane, a tomada de posse dos deputados do Podemos, já confirmada por diferentes órgãos do partido, viola o acordo político entre ambos.

“Eu nunca me opus à tomada de posse e assento na Assembleia da República, apenas me oponho que esse ato tenha lugar de forma mais vencida, em que nem sequer os princípios de reivindicação apresentados ao regime tenham sido tidos nem achados”, frisa na carta Mondlane, para quem, à luz da lei, a não tomada de posse não implica a perda do mandato.

Para Venâncio Mondlane, a tomada de posse dos deputados do partido Podemos vai “enfraquecer a luta”.

“O processo eleitoral foi fraudulento, tendo inclusive o Podemos ficado prejudicado em cerca de 90 assentos parlamentares”, lê-se ainda na carta de Mondlane, que dá um prazo de três dias para o presidente do partido responder se vai ou não cumprir com algumas das principais cláusulas do acordo.

O Podemos é fruto de uma dissidência de antigos membros da Frelimo, que pediam mais “inclusão económica” e abandonaram o partido no poder, na altura, alegando “desencanto” e diferentes ambições.

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