Jato ultrapassa a pista e explode em praia no Brasil

Um avião de pequeno porte ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba, no estado de São Paulo, e acabou por explodir na Praia do Cruzeiro, esta quinta-feira. Segundo avança a brasileira Globo, do acidente resultou um morto, o piloto. Os restantes quatro ocupantes do jato, um casal de adultos e duas crianças, foram levados para o hospital com vida. Três pessoas que se encontravam na praia no momento do acidente também tiveram de ser socorridas.

As imagens que circulam nas redes sociais dão conta do momento do sinistro: num vídeo partilhado online, é possível ver a aeronave a sair do aeródromo e a atingir a praia já a arder.

A administração do aeroporto garantiu que o avião saiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás, e tentou aterrar em Ubatuba onde as condições meteorológicas estavam “degradadas”, “com chuva e pista molhada”. Ao que tudo indica, o aparelho perdeu o controlo, saiu de pista e atingiu uma mulher e uma criança, que foram transportadas para o hospital com vida.

A Proteção Civil brasileira tem no local cinco viaturas e 12 bombeiros. O incidente já está a ser investigado pelas autoridades.

Segundo a imprensa brasileira, o aparelho é um Cessna 525 e foi fabricado em 2008. Tem capacidade para dois pilotos e sete passageiros.

Os “chumbos”, o “facilitismo” e o Estado da Educação

Caro leitor

A discussão é antiga e continua a ser tema recorrente: se há muitas crianças a chegar ao fim do ano sem terem aprendido o que deviam a solução é retê-las? Dito de outro modo: aprendem mais se chumbarem?

Vem isto a propósito de um excerto do Relatório Estado da Educação 2023, do Conselho Nacional de Educação (CNE), divulgado esta semana. Maria José Antunes, uma das conselheiras convidadas a reflectir no relatório sobre temas que deverão estar presentes nos debates e nas tomadas de decisão quanto ao futuro, escreve o seguinte num capítulo dedicado à educação dos zero aos 12 anos:

“A retenção, ao contrário do que se costuma supor, pode ser um outro rosto do facilitismo. Desenraizar a criança do grupo-turma, afastá-la do professor com quem criou laços, como acontece na transição para o 2.º ciclo; obrigar a criança a repetir todas as disciplinas, mesmo aquelas em que foi bem-sucedida, como ocorre nos 2.º e 3.º ciclos, são decisões, em muitos casos, pedagogicamente duvidosas, e demasiadas vezes contraproducentes. Lembra um cartoon, em que um pai agredia o filho para o ensinar a não ser violento.”

Vamos aos números que nos dizem quantos alunos “chumbaram” só em 2022/2023:

  • 1,9% dos alunos do 1.º ciclo;
  • 3,6% dos alunos do 2.º ciclo;
  • 6,2% dos alunos do 3.º ciclo;
  • 9,8% dos alunos do secundário;

Contas feitas, cerca de 100 mil crianças e jovens não passaram de ano.

As taxas apresentadas pelo CNE correspondem, com poucas excepções, mais ou menos aos valores registados no ano anterior à pandemia.

Há bastantes mais retenções entre os alunos mais vulneráveis dos pontos de vista social, económico e cultural, e entre os alunos estrangeiros.

Nos alunos com pais estrangeiros e eles são cada vez mais nas escolas — as taxas de retenção chegam a ser três vezes maiores, uma situação preocupante, segundo o CNE, que diz que faltam dados para avaliar se o ensino de Português Língua não Materna, por exemplo, está a chegar a quem precisa, de forma eficaz.

“Os alunos de nacionalidade estrangeira, à semelhança de outros grupos de alunos, necessitam de um reforço das medidas de equidade, na sociedade em geral e na escola, que garantam mais sucesso para todos”, afirma o presidente do CNE, Domingos Fernandes.

O documento não contém dados que permitam comparar as taxas de retenção em Portugal, nomeadamente no ensino básico, com as de outros países. Mas há um outro que nos dá algumas pistas: o último estudo do PISA, da OCDE, que avalia as competências dos alunos aos 15 anos.

Perguntou-se a estes alunos se já tinham ficado retidos alguma vez. Em Portugal 17,2% disseram que sim, a média da OCDE é 8,9%. Em 36 países/economias avaliadas, a taxa dos que declaram uma ou mais retenções é de 5% ou menos.

Só em quatro países europeus a taxa é mais alta do que em Portugal: Bélgica (26,5%), Países Baixos (23,3%), Espanha (21,7%) e Alemanha (19,2%). Os alunos mais pobres e os de origem estrangeira são os que mais chumbam.

A recomendação da OCDE neste relatório é clara: “Fornecer apoio adicional aos alunos com dificuldades em vez de os obrigar a repetir um ano de escolaridade” é mais eficaz. “Os sistemas educativos com mais repetições de ano tendem a registar um desempenho médio inferior em matemática”, lê-se ainda. “Os professores dos sistemas de ensino com promoção automática de ano [caso da Noruega, por exemplo] prestam mais apoio aos alunos” e o esforço deve ser esse.

O presidente do CNE não fala directamente sobre a questão das retenções no texto introdutório do seu relatório anual, mas sublinha claramente que há um problema com a qualidade das aprendizagens, sobretudo nos primeiros anos da escola: “A aprendizagem da escrita está longe do que seria desejável, mas o mesmo se verifica em matemática e noutras disciplinas e áreas disciplinares.”

Diz que urge tomar medidas “que enfrentem este problema ao nível da formação inicial e contínua dos professores, da organização e funcionamento pedagógico das escolas e agrupamentos e do investimento em sistemas de apoio, de acompanhamento e avaliação”. Dir-se-ia que o país “necessita de pôr em prática um programa especificamente orientado para melhorar a qualidade do ensino e das aprendizagens nos primeiros anos”, defende.

Acabar com o 2.º ciclo do ensino básico e criar um ciclo de escolaridade dos seis aos 12 anos é uma das medidas concretas propostas. “Um ciclo de escolaridade único dos seis aos 12 anos permite uma progressão mais equilibrada, pois acaba com a transição brusca do 4.º ano de escolaridade, com um docente responsável, para o 5.º ano de escolaridade, com mais de 10 disciplinas e, na grande maioria dos casos, com outros tantos docentes. Além do mais, permite criar condições para que a organização e o funcionamento pedagógico das escolas sejam mais consentâneos com a criação de ambientes de ensino e aprendizagem mais estimulantes e enriquecedores.”

Nestes dois documentos essenciais para olharmos para a nossa evolução como país e nos compararmos com os outros (o Estado da Educação e o relatório do PISA) há várias pistas para a pergunta com que começámos esta newsletter: existe um problema de qualidade das aprendizagens, sobretudo entre os alunos mais novos, mas as aparentemente elevadas taxas de retenção (elevadas quando nos comparamos com outros sistemas educativos que tendemos a olhar como inspiradores) não estão a resolver esse problema.

Até quinta-feira

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Ciclismo já rola na Austrália: Luke Plapp sagra-se campeão de contrarrelógio do seu país

A temporada de 2025 arranca oficialmente no dia 21 de janeiro, com o Tour Down Under, primeira prova do World Tour, na Austrália, mas foi precisamente neste país que já se deram as primeiras pedaladas na estrada com a realização dos campeonatos nacionais. 
E eis que Luke Plapp, da Team Jayco AlUla, arrebatou o título, ao cumprir os 38.4 quilómetros, em Perth, em 46.33 minutos, fazendo menos oito segundos que Jay Vine (Emirates) e 54 que o companheiro de equipa, Kelland O’Brien. A prova de fundo do campeonato australiano tem lugar este sábado.

Por Record

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O “ovo” com energia nuclear que ia ser revolucionário é, afinal, uma farsa

O “Enron Egg”, ou “Ovo Enron”, foi anunciado como um suposto micro reator nuclear revolucionário que poderia dar energia a uma casa durante 10 anos. Mas, afinal, é uma paródia. Este produto inovador era para ser a solução mais económica e sustentável do mercado para as famílias. O “ovo” mágico movido a energia nuclear teria sido desenvolvido pela Enron, uma empresa de energia americana que já não existe depois de ter ido à falência em 2001. Durante vários anos, a empresa sediada em Houston, Texas, dominou o mercado da energia, chegando a divulgar lucros líquidos da ordem dos 100 mil

Confederação do Desporto organiza mais uma Cimeira de Presidentes

A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) promove uma nova Cimeira de Presidentes de Federações Desportivas Nacionais, em Lisboa, no próximo dia 13.
 De acordo com comunicado da CDP, “o objetivo principal da iniciativa é debater o pacote de 65 milhões de euros recentemente anunciado pelo Governo para o setor desportivo, cobrindo o período 2024-2028, e estabelecer uma posição conjunta que defenda critérios claros, rigorosos e transparentes para a distribuição destes fundos. Esta posição será posteriormente apresentada ao Governo, partidos políticos e outras entidades relevantes, para assegurar uma implementação justa e eficaz do financiamento”.
 
Daniel Monteiro, presidente da CDP, sublinha a importância da iniciativa: “Esta cimeira, e o que dela resultar, será fundamental para que os decisores políticos sintam que o setor está colaborante, mas também atento ao futuro do Desporto nacional e ao desenho de políticas públicas que são definidas para o setor.” E acrescenta: “Tendo em conta o passado recente do Desporto em Portugal, que tem sido marcado por um sistema de financiamento desajustado e manifestamente curto e insuficiente para as necessidades sentidas no terreno, é importante assegurar que existem critérios claros e transparentes na distribuição e execução de verbas, nomeadamente nas que se destinam a Federações e associações desportivas.” Esta é a segunda Cimeira de Presidentes de Federações Desportivas Nacionais e conta, até ao momento, com a confirmação de mais de 30 Presidentes de Federação.

 

Por Record

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O Rei da Patagónia

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Detido criador do site onde o marido de Gisèle Pelicot recrutou homens para a violarem

Foi detido o fundador do site Coco, onde o francês Dominique Pelicot recrutou estranhos para violarem a então mulher, Gisèle, num caso que abalou a França. Isaac Steidl, de 44 anos, está sob custódia judicial para ser interrogado devido à utilização do site para cometer actos como violação, homicídio e pedofilia, entre outros. A rádio France Info 3 refere que Steidl que reside no exterior de França, aceitou voltar ao país para ser interrogado. O Coco foi encerrado pelas autoridades francesas em Junho de 2024, altura em que se iniciou uma investigação ao site no âmbito das suspeitas contra Dominique

Chega vai votar contra alterações à lei do aborto

O CHEGA vota contra as alterações à lei sobre a interrupção voluntária da gravidez. O debate que está agendado para esta sexta-feira a pedido do PS.

André Ventura defende que o Parlamento está a dar um sinal contrário ao voltar a discutir o tema. Admite, no entanto, que é preciso legislação no apoio a mulheres que queiram abortar.

O líder do Chega aponta, ainda, o dedo aos partidos de esquerda, de manobras para desviarem as atenções sobre temas que são necessários discutir.

O líder parlamentar do PSD propôs esta quinta-feira, na reunião do grupo parlamentar, que o partido vote contra todos os projetos sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez que vão ser debatidos e votados na sexta-feira, confirmou a Renascença junto de fontes parlamentares.

Os deputados da Iniciativa Liberal vão ter liberdade de voto para decidir como votar os projetos de lei relacionados com o alargamento do prazo para Interrupção Voluntária da Gravidez, apurou a Renascença.

Taça de Portugal: Sporting joga no Minho, novo Benfica-Sp. Braga em perspectiva

O sorteio dos quartos-de-final da Taça de Portugal de futebol (e o emparelhamento para as meias-finais) teve lugar nesta quinta-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras, e abriu caminho a um novo embate entre Benfica e Sp. Braga, se ambas as equipas ultrapassarem os oitavos-de-final da prova.

Os “encarnados” visitam o Farense na próxima terça-feira, enquanto os minhotos recebem o Lusitano de Évora no dia seguinte. Se imperar a lei do mais forte nestes dois embates, Benfica e Sp. Braga voltarão a defrontar-se na próxima ronda da competição, depois de terem feito dois jogos consecutivos para o campeonato e para a Taça da Liga.

Já o Sporting, fica à espera do desfecho entre Gil Vicente e Moreirense para saber em concreto a que cidade minhota irá deslocar-se nos quartos-de-final.

Entre os sobreviventes dos escalões não profissionais, O Elvas alimenta a expectativa de vir a defrontar o Tirsense, no Alentejo, mas para isso terá de derrubar o Vitória SC no domingo.

Quanto ao São João de Ver, já sabe que jogará na condição de visitante, defrontando o Casa Pia ou o Rio Ave, que decidem a sua sorte na competição também no domingo à tarde.

Neste sorteio, ficaram também definidos os emparelhamentos das meias-finais, ou seja, o caminho até ao Jamor. Assim o vencedor do embate O Elvas/Vitória SC-Tirsense jogará com o do Farense/Benfica-Sp. Braga-Lusitano de Évora, ao passo que o vencedor do Gil Vicente/Moreirense-Sporting vai enfrentar o do Casa Pia/Rio Ave-São João de Ver.

Ou seja, no limite, Benfica e Sporting, os dois principais candidatos à conquista do troféu, só poderão encontrar-se na final da Taça, no Estádio do Jamor.

Reino Unido. Shein em silêncio sobre alegações de trabalho forçado​

A empresa de moda rápida (ou “fast fashion”) Shein foi alvo de duras críticas no Parlamento britânico, na terça-feira, e respondeu com silêncio. A marca participou numa audição, juntamente com a Tesco, a McDonald’s e a Temu, convocada pela Comissão de Negócios e Comércio.

Em causa estão denúncias de violação de direitos laborais que podem afetar as ambições da empresa de entrar na bolsa de valores britânica. A empresa, que envia produtos de baixo custo para mais de 150 países, anunciou um aumento de 40% nos lucros no Reino Unido, alcançando 1,8 mil milhões de euros em 2023, mas tem gerado preocupação entre os políticos britânicos, especialmente no que diz respeito a questões éticas.

Durante a audição, o deputado Liam Byrne questionou a representante da Shein, Yinan Zhu, sobre o uso de algodão proveniente de Xinjiang, província chinesa acusada de recorrer a trabalho forçado. A executiva recusou-se repetidamente a responder, o que gerou insatisfação.

“Não creio que nos caiba comentar para ter um debate geopolítico”, diz a responsável. “Cumprimos as leis e os regulamentos dos países em que operamos. Estamos em conformidade com as leis relevantes do Reino Unido”, acrescentou.

O deputado mostrou-se visivelmente incomodado com a posição da empresa, que se recusou a fornecer informações básicas. “Transmitiu-nos zero confiança na integridade das suas cadeias de abastecimento. Nem sequer consegue dizer-nos do que são feitos os seus produtos. Não consegue dizer-nos muito sobre as condições em que os trabalhadores estão a trabalhar, e a sua relutância em responder a perguntas básicas roça o desprezo pelo comité”, lamenta.

Os gestores da Shein e da rival Temu foram convocados para prestar declarações sobre o cumprimento de direitos laborais e sobre aquisição de produtos. A primeira empresa foi fundada na China e está atualmente sediada em Singapura. Pretende ser cotada na bolsa de valores de Londres no primeiro trimestre deste ano, avaliada em 50 mil milhões de libras (cerca de 60,3 mil milhões de euros).

A empresa também já tentou entrar na bolsa de valores nos EUA, mas foi travada por políticos norte-americanos pelas mesmas razões: falta de garantia de que não recorre a trabalho forçado.

Tanto uma como outra são portais populares entre os internautas, interessados em comprar produtos fabricados na China, a preços reduzidos. No entanto, diversos grupos de defesa dos direitos humanos defendem que as suas cadeias de abastecimento recorrem a trabalho forçado para garantir preços competitivos e lançam dúvidas sobre o uso de algodão de Xianjiang.

O governo chinês, por sua vez, incentiva o boicote às marcas ocidentais que rejeitam o algodão de Xinjiang, considerando as acusações infundadas.

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